REGISTROS, GENEALOGIAS, HISTÓRIAS E POESIAS...
a fim de preservação da memória de nossos ancestrais
MARILIA GUDOLLE C. GÖTTENS

sábado, 19 de novembro de 2011

Os Casais Açorianos e sua integração à comunidade Sul-Riograndense

Alguns descendentes dos Casais citados na postagem anterior, ainda habitam terras na área dessas "datas" junto ao Morro Grande, onde ainda existe um centenário cemitério com túmulos semi-destruídos, com seus familiares ali sepultados..
Apesar do fracasso desse povoamento, em suas "datas" foram produzidas as primeiras lavouras de trigo, linho cânhamo, cana de açúcar, algodão e mandioca.
Os produtos excedentes eram exportados para as províncias ao norte do país, pelo porto lacustre de Itapuã, município de Viamão.
Nessa fase do assentamento de Casais localizados ao longo do estuário do Rio Guaíba entre a Ponta do Dionízio (Estaleiro Só) e atual Praça Gen.Sampaio junto ao Cais do Porto, eles foram se avolumando em número, face as novas levas de açorianos que eram remetidas pelas viagens já contratadas e oriundas do Arquipélago.
A partir de 1770, passariam os antigos Casais e seus descendentes a se integrarem de fato à nova comunidade sulina, surgida naquela confusão generalizada motivada pela retirada tumultuada dos Casais, quando da corrida do Rio Grande (fuga precipitada) ante o avanço das forças de Espanha.
Alguns dos casais foram localizados nos campos altos de Viamão e outros no Porto de Viamão, hoje Porto Alegre. Na época, a única localidade oficial era a Capela Grande de Viamão onde estava o Governo, e o Porto dos Casais era a entrada e saída, via fluvial, de que o governo dispunha para realizar a administração da capitania do sul.
Os açorianos que se encontravam arranchados na península do Porto dos Casais, quando assumiu o comando geral da província o Gen. Gomes Freire, mais ou menos em 1763, o mesmo resolveu retirar elementos do Porto dos Casais e juntar a outros que ainda estavam em torno da Vila do Rio Grande, no assentamento do povo novo da Ilha de Tarotama e os da Ilha Martins e encaminhá-los ao repovoamento das Missões, na margem esquerda do rio Uruguai, por portugueses, iniciando assim, o deslocamento gradativo através dos rios Jacuí e Taquari, para aguardar a prometida retirada das forças espanholas que dominavam as missões jesuíticas.
Para tirá-los da ociosidade, Gomes Freire iniciou a construção de pequenos baluartes militares ao longo dos dois rios, além de providenciar a fundação de novas povoações e fornecer "datas" e "sesmarias" na região desbravada, a fim de garantir a retaguarda das forças militares que iriam gradativamente ocupando os lugares desocupados pelos espanhóis, de acordo com o que regia o Tratado de Madrid.
Assim, foram levados para a chamada forqueta de Santo Amaro, com o objetivo de cooperarem nos trabalhos da construção de um fortim de palissadas, de armazéns de mantimentos e de aquartelamento, iniciado em maio de 1752 e concluído no ano seguinte. Nesse lugar, ficariam alguns deles como agregados civis ao pequeno destacamento.
Cerca de vinte e sete desses Casais constam nos assentamentos como de seus primeiros povoadores ao redor do núcleo de Santo Amaro, depois vila e cidade sul-riograndense.
Também Triunfo, instalada como freguesia autônoma de Viamão em 1757, e em Taquari, antes mesmo de sua fundação como povoado açoriano, já se encontravam" Casais de Número" sobre os quais apenas temos notícias concretas a partir de 1761, depois da corrida do Rio Grande.
Nos assentos oficiais de 1752/1763, encontram-se assinalados, incluindo alguns relacionados com os 14 Casais encaminhados de Rio Grande para a margem setentrional do rio Jacuí até Rio Pardo, os batizados de 1033 crianças, filhos de 446 casais açorianos, incluindo nesse total os constituídos após a chegada dos nubentes.. Destes, eram oriundos da Ilha São Jorge 167 homens e 170 mulheres; da Ilha Fayal 94 homens e 107 mulheres; da Ilha Terceira 78 homens e 75 mulheres, da Ilha Pico 32 homens e 32 mulheres e da Ilha das Flores, 3 homens e 2 mulheres.
Todos os demais, incluindo os arranchados no Porto de Viamão e em torno de Rio Pardo, ainda ainda continuariam por muito tempo na mesma situação em que os deixara Gomes Freire ao regressar para o Rio de Janeiro.
Em 1773 já se achava à margem setentrional do rio Jacuí, praticamente povoada face a doação de "sesmarias" entre os rios Sinos e o Rio Pardo.
Até aqui, tudo exposto para se entender porque os pioneiros "SILVAS" encontravam-se disseminados na zona oeste do Estado e porque muitos dos nossos ancestrais nasceram em cidades e povoações ao longo do "talveg" dos rios Jacuí, Taquari e Rio Pardo.

Arquivo Pessoal de Ari Caldeira da Silva e Marilia Gudolle C. Göttens

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