REGISTROS, GENEALOGIAS, HISTÓRIAS E POESIAS...
a fim de preservação da memória de nossos ancestrais
MARILIA GUDOLLE C. GÖTTENS

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Revolução Farrapa - Toque de silêncio

          É hora de soprar as velas. Acender a luz elétrica. Escutar o telefone, as buzinas estridentes. O matraquear de um edifício em construção. É hora de voltar ao ritmo da vida moderna.
          Um mergulho no passado nos devolve estonteados. Meus ouvidos se habituaram com o canto dos pássaros. meus olhos ainda estão cheios de vaga-lumes. De horizontes a perder de vista. Anseio pelo gosto da pitanga. Acostumei-me ao ar perfumado de outro século.
          Passeio pelo apartamento em busca de algo do passado. Qualquer traço de união com o mundo em que vivi. Sorrio ao lembrar-me de um sobrevivente do Rio Grande antigo. Aqueço água no fogão a gás e ponho erva na cuia. O gosto do chimarrão é o mesmo de todos os tempos. Herança nativa que teima em sobreviver.
          Tomando mate me aproximo da janela. O dia já está claro. Automóveis vão tomando conta da rua. Entre os edifícios, ainda vejo uns retalhos do Guaíba. Sereno e cor de café com leite. Por sobre o telhado do Teatro São Pedro, descanso a vista na Praça da Matriz. Todos os jacarandás estão floridos. Os balanços ainda estão vazios. Pessoas caminham apressadas. Ninguém se cumprimenta. Ninguém tem tempo a perder.
          Antes de ser arrastado pela correnteza, procuro os traços que a revolução deixou. Do outro lado da praça, no lugar do antigo casarão de onde fugiu Fernandes Braga, ergue-se um palácio de estilo neoclássico. Ainda trabalha e dorme ali o presidente da província. Mas o palácio se chama Piratini. A Rua da Igreja é agora Duque de Caxias. O poder legislativo se abriga no Palácio Farroupilha. A bandeira da República Rio-Grandense ondula ao lado da bandeira do Brasil.
          Tiro o carro da garagem e saio à procura de outra praça. Tenho a cabeça povoada de fantasmas. Dirijo devagar. Estaciono o carro e saio a caminhar entre as paineiras. Parecem árvores de Natal enfeitadas de algodão. A praça está deserta. Um leque de palmeiras imperiais contorna a estátua branca. Garibaldi e Anita ali estão a minha frente. É bom vê-los juntos outra vez.
          Garibaldi nunca esqueceu o Rio Grande. Da Itália, respondendo a uma carta de Domingos José de Almeida, assim recorda seus companheiros de revolução:

 "Quando penso no Rio Grande, nessa bela e cara província, quando penso no carinho                                      como fui recebido por vossas famílias, onde fui considerado como filho. Quando penso                        em vossos valorosos concidadãos e nos sublimes exemplos de amor pátrio e abnegação                        que deles recebi, fico realmente comovido. E o passado de minha vida se projeta na                              memória como alguma coisa de sobrenatural, de mágico, de verdadeiramente     romântico.
          Vi quantidades de tropas mais numerosas, batalhas mais renhidas, mas nunca vi, em nenhuma        parte, homens mais valentes nem cavaleiros mais brilhantes do que os da cavalaria rio-            grandense, em cujas fileiras comecei a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa das nações. Quantas vezes fui tentado a revelar ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa gente viril que sustentou por mais de nove anos a mais encarniçada luta contra um poderoso Império!..


          Um joão-de-barro está fazendo ninho no peito de Garibaldi. Mas as pessoas que passam não vêem esse poema de amor. É preciso seguir em frente. tenho ainda uma promessa a cumprir.
          Atravesso as pontes do Guaíba. Vou em busca da casa de Gomes Jardim. Dali partiram os primeiros combatentes de 1835. E ali se apagou a última chama da revolução.
          Assinada a paz de Ponche Verde, cada um seguiu o seu caminho. Gomes Jardim e Isabel Leonor retornaram às Pedras Brancas. A estância que deu origem à cidade de Guaíba fora pilhada pelas tropas imperiais. Nenhum gado sobrara nas pastagens. Silêncio na olaria e na charqueada. Mas no alto da coxilha que domina o rio, a casa resistira ao abandono. E o cipreste continuava a balançar seus galhos ao vento sul.
          O casal está velho. E é preciso começar tudo de novo. Trabalham lado a lado como nos primeiros tempos. Os campos vão sendo repovoados. Peões antigos voltam ao galpão campeiro. Vacas vão dando cria. A semente brota na terra. A casa tem outra vez o cheiro de pão. 
          Estaciono o carro diante da casa de Gomes Jardim. Um século e meio depois do início da guerra, ela ainda está no mesmo lugar. A cidade cresceu a sua volta. Mas o cipreste ainda lhe guarda a porta. E a vista se perde na imensidão do rio.
          Começo a sentir o pulso acelerado. Desço do carro e me dirijo à casa. O tempo vai recuando a cada passo. Ainda me falta assistir ao derradeiro ato. Antes do pano cair.
          Faz frio no alto da cochilha. É o dia 18 de julho de 1847. Pouco mais de dois anos depois da paz. Está aberta a porta da sala de visitas. Muitas pessoas aguardam em silêncio. Em cada rosto uma expressão de dor. Passo por elas e me dirijo ao quarto. Cheiro forte de cânfora e de álcool. Apoiado contra os travesseiros, Bento Gonçalves acaba de morrer.
          No mesmo barco que o trouxe de Triunfo, seu corpo é levado até Camaquã. O enterro é simples. Poucos amigos estão na Estância do Cristal. Mas um deles guardará seu túmulo. Nico Ribeiro, o ex-escravo e corneteiro. E os gaúchos, passando pela estrada, ouvirão muitas vezes o clarim. É o toque de silêncio de uma guerra. Que até hoje não chegou ao fim. 



Cheuiche, Alcy, A Guerra dos Farrapos, Porto Alegre, 1984       

quarta-feira, 23 de julho de 2014

A Lua - Deuclydes P. Gudolle


Serás, ó lua, a eterna companheira
Do gaúcho que cruza descuidado
Sob a tua luz tão feiticeira
Nas noites do rincão, sempre lembrado...

E daqui, contemplando desolado
Revejo-me na lida verdadeira
Quando eu era um gaúcho afortunado
E levava uma vida alvissareira...

E ao ver-te agora, pálida e triste
Eu penso que por lá não mais existe
Aquelas lindas noites de luar...

Quando feliz voltava ao rancho amado
Ao calor de tua luz iluminado
Meu cavalo ia então desencilhar...


DELLE - P.Fundo, Out.1952



Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle Gottens


Minha Lira - Deuclydes P. Gudolle


Eu quisera quebrar a minha lira
E fazê-la para sempre emudecer
Para que nenhum só som a fira
E que possa um queixume parecer...

Mas não posso, hei de sempre enaltecer
Esta dor que canta e que delira
E que na exaltação desse sofrer
A dor trará o bem que a alma inspira...

O poeta será sempre um sofredor
Que veio ao mundo imerso em desventuras
E para cantar sua própria dor...

E essa dor, sendo sua é verdadeira
E será neste mundo de tortura
A mais fiel e unida companheira...

DELLE - Santa Thereza   Out.1941


Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle Göttens

terça-feira, 22 de julho de 2014

João da Silva Machado - (Barão de Antonina)

OBS:  Esta postagem encontra-se incompleta no referente a descendência do Barão de Antonina. Aos que desejarem complementá-la, sintam-se à vontade enviando-me os dados.


" A 24 de junho de 1782 o Vigário Manoel Garcia Mascarenhas batizava a João da Silva Machado, que mais tarde foi agraciado com o título de Barão de Antonina, nascido a 17 daquele mês e ano. Era filho legítimo do açoriano Manoel da Silva Jorge, natural e batizado na Freguesia de Santa Catarina da Ilha Fayal, Bispado de Angra, e de Antônia Maria de Bittencourt, nascida na Freguesia de Santo Ângelo do Rio Pardo (Rs), então pertencente ao Bispado do Rio de Janeiro. Era neto paterno de Inácio da Silveira, natural da Ilha São Jorge, e de  Ana Silveira, natural da dita Freguesia da Ilha Fayal; e materno do alferes Matias da Silveira, natural da Ilha São Jorge, e de Isabel Bittencourt, do mesmo Bispado de Angra; foram padrinhos Francisco Gomes Ferreira e sua mulher Francisca Inácio Gomes Ferreira (Liv.Iº de Bat.)."

     De simples tropeiro que comprava tropas no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina e revendia-as nas feiras de Sorocaba, em São Paulo, na província de Minas gerais, Feira de Santana, na Bahia e chegou a levar animais até Caxias, no Maranhão, tornou-se segundo seu biógrafo, um elemento de progresso de São Paulo, Paraná, Santa catarina e Rio Grande do Sul. Por seu perseverante trabalho e valor, alcançou uma brilhante posição.
     Quando irrompeu a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, o Barão tomou parte ativa na defesa da legalidade e recebeu honras de Coronel Honorário do Exército. Reprimiu a revolução Liberal, que iniciou em São Paulo, em 1842, e se alastrava para o Paraná. Por isso, em 11 de setembro de 1843, recebeu o Título de Barão de Antonina, elevado a Barão com Grandeza pelo Decreto Imperial de 13 de agosto de 1860. Em 1853, atingiu o ponto culminante de sua carreira política, separando a Comarca de Curitiba e formando uma nova Província, a do Paraná, pela qual qual se elegeu Senador. Continuou residindo em São Paulo e atuando politicamente pelo Paraná. Fundou vários aldeamentos indígenas e núcleos coloniais (entre eles destaca-se Rio Negro e Mafra) no sul do Brasil. Foi Diretor da Fábrica de Ferro de Ipanema.
     Por relevantes serviços, foi designado com o Título de Vereador Honorário de Sua Majestade a Imperatriz, Grande do Império, Fidalgo Cavaleiro da casa Imperial, Grande Dignatário da Ordem da Rosa e Oficial da Ordem do Cruzeiro. Por tudo isso, associações culturais proclamaram sua capacidade. O instituto Histórico e Geográfico Brasileiro o recebeu como sócio.
     Na página 48 do Arquivo Nobiliárquico Brasileiro e na página 30 do Nobiliário Sul Rio-grandense está estampado o Escudo que descreve o Brasão e suas Armas: em campo de prata, um leão de púrpura armado de goles, tendo, na garra deste um catecismo e um rosário de ouro e na espádua um machado do mesmo metal; acompanhado à sinistra de um índio ao natural, virado para a esquerda, depondo as armas, que são de ouro. O Brasão foi passado em 17 de setembro de 1850. Registrado no Cartório da Nobreza, Livro VI, fl.40.

     O Barão foi casado com Ana Ubaldina Paraíso Guimarães, natural do Paraná, filha de Manoel Gonçalves Guimarães e Maria Madalena de Lima, de cujo casamento tiveram os seguintes filhos:

1. Maria Antonina, n. em Castro a 05/07/1815, que casou com o Coronel Mariano José da Cunha Ramos;

2. Francisca de Paula, n. na Vila do Príncipe, hoje Lapa, PR, que casou em São Paulo aos 19/04/1835 com o Capitão Joaquim da Silva Prado;

3. Balbina Alexandrina, n. na Vila do Príncipe, hoje Lapa, PR que casou em 14/04/1835, no Oratório Particular da Freguesia de Santa Efigênia, em São Paulo, com Luis Pereira de Campos Vergueiro, filho do Dr. Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e de Maria Angélica de Vasconcelos.  Tiveram 13 filhos: Luísa, Balbina, João, Afonso, Francisca, Nicolau, Luiz Gonzaga, Joana, José, Ana, Maria Angélica, Otília e Artur.

4. Ana, n. em 26/08/1829, que casou com Fidelis Nepomuceno Prates;

5. Inocência Júlia, que casou com Fidêncio Nepomuceno Prates, irmão de Fidélis, natural de Caçapava, (Rs).



Arquivo Pessoal de Marilia Castro Gottens
Balem, Dr. João Maria  A Paróquia de São José de Taquari, Nov.1949, pg. 141, 
Serviço do Arquivo Histórico do Senado Federal Brasília - DF
Ecker, Adari Francisco  A Trilha dos Pioneiros Gráf. e Edit. Berthier - 2007

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Descendência de Francisco de Paula e Silva ( Barão de Ibicuy )

OBS:  Esta postagem encontra-se incompleta devido a grande descendência do Barão de Ibicuy. Aos que desejarem complementá-la, sintam-se à vontade, enviando-me seus dados.

   1.  Francisco de Paula e Silva, n.em 14/05/1796 em Taquari, Rs, e + em 10/04/1879 em Cruz Alta, (Rs), casou em 30/06/1829, em Caçapava (Rs) com 2Felicidade Perpétua de Avelar Magalhães, b. em Cachoeira (Rs) em 15/04/1809 e + em Santa Maria (Rs) em 22/02/1886.
     Felicidade era filha legítima de Ricardo José de Magalhães, n. em Viamão (Rs) em 1752 e casado em Rio Pardo, (Rs) em 1780 com Maria Mâncio de Avelar, n. em Rio Pardo, (Rs).
     Era neta paterna de Bartolomeu Gonçalves de Magalhães n. em S. Estevão, Chaves, (Portugal) e de Francisca Tereza de Jesus, n. em 1779 em Mogi das Cruzes, (SP) e + em Triunfo (Rs) em 08/04/1779. Esta, por sua vez, era filha de Luis Garambéu Martins e Maria das Neves.
     Era neta materna de Antônio da Silveira Ávilla e Matos, n. em 1731 na Vila do Topo, Ilha São Jorge, Açores e + em Rio Pardo, (Rs) em 1803 e de Clara Maria Mâncio, n. em 1740 em Florianópolis, (Sc), e + em 1798.


Filhos do casal Francisco e Felicidade:

1.2.a. Maria Ubaldina de Paula e Silva, casou em São Martinho, (Rs) em 1850 com Manoel Lucas Annes, n. em Porto Alegre, em 13/04/1821 e + em 16/02/1889. Filho de José Manoel Lucas Annes e Anna Pereira da Silva Annes;

1.2.b. Clara de Paula e Silva, casou com José Antônio Fernandes Cezimbra, n. em 31/08/1835 e + em 14/04/1894 em Santa Maria, (Rs);

1.2.c. Luís de Paula e Silva, casou com Maria Luíza Teixeira;

1.2.d. Francisca de Paula e Silva, casou em Cruz Alta, (Rs), em 1841 com José Caetano Veríssimo da Motta (MEUS BISAVÓS PATERNO). Este,  filho legítimo de Maria Veríssimo da Motta e de Caetano Pereira da Motta. Filha: Maria da Motta Castro, que casou com Virgilio Nunes de Castro, (MEUS AVÓS PATERNO) que por sua vez tiveram: Elvira Motta Castro, falecida solteira em Cruz Alta, Milton Motta Castro, casado com Otília Saenger Castro, já falecidos, Noêmia Motta Castro, n. em Cruz Alta, em 15/11/1898, falecida solteira  e meu pai VIRGILIO CASTRO FILHO, n. em Cruz Alta, (Rs) em 09/03/1914 e + em Cruz Alta, em 23/08/1993, casado com minha mãe ZILDA GUDOLLE CASTRO, n. em Itaqui, (Rs) em 21/02/1926 e + em Ijuí, (Rs) em 23/08/2006. (Existem outras postagens à respeito deste tópico).

1.2.e. Rita de Paula e Silva, casou com José Castilhos dos Reis e, posteriormente, com José Antônio da Motta e Silva;

1.2.f. Firmino de Paula e Silva, n. em 17/02/1844 na Fazenda do Pinhal, casado com Margarida Neves.

1.2.g. Francisco de Paula e Silva, n. em 19/06/1846, casado com Praxedes Pereira da Costa. Filhos: Ilda de Paula, casada com Januário Rodrigues de Vasconcelos; Maria de Paula, casada com João Philbert e em segundas núpcias com José Amaral; e Francisca de Paula, casada com Marcos Antônio Alves de Azambuja.

1.2.h. Balbina de Paula, casada com João da Silva Bueno;

1.2.i. Carolina de Paula, + solteira;

1.2.j. José de Paula, + solteiro.



Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle Gottens
Fabrício, José de Araújo, A Freguesia de N.S. Bom Jesus do Triunfo, Rev. do Inst.Geográfico do RS, v.27, n.1-4 (1947), pg.250.
Genealogia Tropeira,  Pereira, Cláudia Nunes (Tds. Vols.)
Inventário post-mortem, B.Ibicuy ,Cartório de Órfãos e Ausentes de Cruz Alta - Maço 9 - Proc. 245.APERS;
Testamento do B. Ibicuy. Vede inventário ou: Juízo da Provedoria, Capelas e Resíduos do Termo da Cruz Alta. Maço 4. APERS



sexta-feira, 6 de junho de 2014

ASCENDÊNCIA DE FRANCISCO DE PAULA E SILVA - BARÃO DE IBICUÍ


FRANCISCO DE PAULA E SILVA, era filho legítimo de MANOEL DA SILVA JORGE, n. em 10/02/ 1744 na Freguesia de Santa Catarina de Castelo Branco, Bispado de Angra Ilha Faial - Açores e + em 31/10/1825 em Taquari, RS; e de ANTÔNIA MARIA DE BITTENCOURT, n. em 26/08/1775  na Freguesia de Santo Ângelo do Rio Pardo, RS,  então pertencente ao Bispado do Rio de Janeiro e + em 19/6/1796 em Taquari, RS.
       Era neto paterno de INÁCIO DA SILVEIRA, n. na Ilha São Jorge, Açores e + em 1769 e de ANA DA SILVEIRA, n. na Freguesia de Santa Catarina de Castelo Branco, Ilha Faial - Açores e + em 1769.
       Neto materno do alferes MATIAS DA SILVEIRA, n. na Ilha São Jorge - Açores e + em 12/05/1810 em Rio Pardo, RS e de ISABEL FRANCISCA DE BITTENCOURT, n. na Freguesia de Velas, Ilha São Jorge - Açores.

       MANOEL DA SILVA JORGE E ANTÔNIA MARIA DE BITTENCOURT tiveram os filhos:

- Genoveva Maria de Bittencourt, n. em 02/01/173 e + em 1830. Foi casada com José Jacintho Pereira;
  
- Inocência Maria de Bitencourt, n. em 27/08/1755, em Taquari, RS. Foi casada com Raimundo da Silveira Santos;

- Maria ? n. em 09/01/1780;

- JOÃO DA SILVA MACHADO ( Barão de Antonina ) Próximas Postagens;

- Maria Angélica da Silva, n. 08/08/1876 em Taquari, RS;

- Juliana Maria da Silva, n. em 19/03/1789 em Taquari, RS. Foi casada com Francisco da Rocha e Souza, n. em 1785;

- Joana Felícia da Silva, n. em 14/10/1791 em Taquari, RS. Foi casada com João Francisco Ilha, n. em 1788 e + em 1796;

- FRANCISCO DE PAULA E SILVA ( Barão do Ibicuí ) Próximas Postagens.

      MANOEL DA SILVA JORGE, casou em 2ª núpcias no ano de 1797 com Bernarda Joaquina do Nascimento, n. em 1763, filha de Diogo Inácio de Barcelos e Ana Felícia do Nascimento, n. em 1746 e + em 1818.
      Desse 2º casamento teve:

- Alexandre Luís da Silva, n. em 31/10/1798 e + em 27/07/1895 em Taquari, RS.


Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle Castro Gottens
A Paróquia de São José do Taquari no Bicentenário da Imigração Açoriana no Continente do Rio Grande de São Pedro ( Mons.Dr. João Maria Balem ), Imprimatur - Nov..1949.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

                          UM TAL CHICO ESTANCIEIRO  -  Antônio Francisco Correia da Silva


            "Nos tempos de antanho, havia no interior do município do Itaqui, época das carroças e carrinho de rodas fina puxado por dois cavalos gordos, sendo que na parte de trás carregava-se um baú para acomodar as malas com destino até a estação ferroviária, homens que usavam fraque e mulheres donzelas com suas roupas coloridas.
           Havia a estação do Bororé, a de Maçambará e de Tuparay naquelas plagas interioranas do Itaqui; todas construídas de pedras com código morse e um sino para indicar o horário de saída do trem...
           Lá nesse fundão onde o sol se esconde no horizonte morava "um tal Chico Estancieiro" (Antônio Francisco Correia da Silva) que veio a casar com Rita de Cássia Monteiro Sampaio, uma das filhas de José Ferreira Sampaio e Esmerilda Antunes Monteiro Sampaio ( citados anteriormente neste Blog, sob o título "Uma parte de Nós - Os Monteiro Ferreira Sampaio"  30/04/2013).
          Rita de Cássia e Chico tiveram os filhos: a) Maria Luiza Sampaio Silva, n. em Itaqui, Rs, em 03/09/1898; b) Luiz Darcy, n. em Itaqui, Rs, em 28/12/1904 e Percy n. em Itaqui, Rs, em 02/02/1912.

            a) MARIA LUIZA SAMPAIO SILVA casou em Itaqui em 24/12/1915, aos 17 anos, com PEDRO DE AZEVEDO CONCEIÇÃO, n. em 21/02/1888 em São Sebastião do Caí, Rs. Era o  filho mais velho do casal Maria Antônia Teles de Azevedo, n. em 29/02/1869 e Virgilio de Souza Conceição, n. em 20/03/1857 em Porto Belo, SC. O casal, cujas famílias estão vinculadas a alguns dos mais antigos troncos do Rio Grande do Sul, tinham mais cinco filhos: Marieta, casada com Gastão Prates, Julieta, Moreninha, Jorge e Daura, casada esta com Oscar Fischer.
           Pedro de Azevedo Conceição passou parte de sua infância na região colonial onde seu pai, engenheiro agrimensor formado pela Universidade de Barcelona, Espanha, demarcou as terras do local Campos dos Bugres, atual cidade de Caxias do Sul, onde havia uma rua com seu nome.
            Pedro morou também em Montenegro, RS, na Fazenda do Pontal, de propriedade de sua família. Fez seus estudos em Porto Alegre e, por volta de 1913, foi nomeado professor na cidade de São Borja, RS. Ná época, era Secretário da Educação o Dr. Protásio Alves e o Rio Grande era governado por Júlio de Castilhos. Algum tempo depois, Pedro transferiu-se para a cidade do Itaqui onde foi professor da Escola Elementar.
            Em Itaqui foi que conheceu a jovem Maria Luiza Sampaio Silva (Dima), com quem se casou. O pedido de casamento foi feito por seu amigo Coronel Euclides Aranha, pai de Osvaldo Aranha. Pedro essa época contava com 27 anos.
            A lua-de-mel foi em Buenos Aires, Argentina.
            Como a sogra de Pedro Rita de Cássia já era viúva, após o casamento Pedro passou a administrar a fazenda Sina-Sina, de propriedade de sua sogra, passando mais tarde, a arrendá-la. Dedicou-se a essa atividade por mais de 50 anos. Com a morte de Rita de Cássia, as terras foram divididas entre Dima e Percy que ficou com a sede. Na parte que coube à Dima, foi construída outra casa e a propriedade foi chamada de "Rancho Grande". Na fazenda, Pedro lecionava os filhos, ajudado pela irmã Moreninha que morou durante algum tempo com a família do irmão.
            PEDRO e DIMA tiveram 6 filhos: Déborah, Ilka, Darcy, Nilo, Fábio e Beatriz. Déborah casou com Humberto Zaccaro Faraco, Ilka casou com Alexandre Orcy, Darcy casou com Maria do Carmo Matos, Nilo casou com Amira Squeff, Fábio casou com Teresa Krebs e Beatriz casou com Washington Manoel Vijande de Sosa Bermúdez.
            Pedro era alegre e barulhento. Contava histórias com muita graça e seu riso contagiava quem estivesse por perto. Adorava ir ao clube do Comércio em Itaqui, do qual foi presidente. Houve uma época em que a família morou em frente ao clube. Quando Dima queria saber onde ia o marido, abria a janela da casa e logo escutava as risadas e a voz trovejante dele, divertindo-se com os amigos no prédio em frente.
            Pedro dançava bem e não perdia bailes. Era ele quem marcava a quadrilha, dando os comandos em francês.
           Amplamente relacionado na sociedade Itaquiense, foi um elemento de destaque em sua comunidade.
           Era um homem de vasta cultura e voltado ao progresso. Alegre, extrovertido e comunicativo, Pedro foi um grande entusiasta das artes. Apreciava os livros, tanto a prosa como as poesias e adorava charadas e trocadilhos. Mas sua paixão era a música. Cultivou a música popular e a clássica e era exímio e talentoso pianista.Gostava de tocar valsas, sambas, marchas, polcas, tangos e maxixes.
           Depois das lidas do campo na fazenda Sina-Sina, tomava seu banho, colocava o pijama e sentava-se ao piano. Tocava durante horas e todos dançavam, inclusive Dima. A música atraía a peonada que se debruçava na cerca para ouvir.
       Tornou-se rádio amador e lá no Rancho Grande levantava antes do sol nascer para chamar os companheiros de rodada. Fazia o maior barulho e acordava todo mundo caminhando de tamancos e com a bombacha sempre caindo. Ligava o gerador, pigarreava em altos brados e já começava: "Bororé de Bororé" . Foi numa dessas rodadas que o amigo Juca Vieira, conhecido pelas tiradas cômicas, contou que tinha ouvido notícia de que havia começado uma guerra meio mundial e que a Alemanha tinha invadido um país com nome parecido com égua (Noruega).
           Adorava os netos e dava-lhes apelidos estranhos como " Dona Sezebuta, Dona Maria Quitéria e Seu Fulano dos Anzóis, Carapuça ou dos Pinhais", divertindo-se com as caras desconfiadas que faziam.
            Era bom cavaleiro e, na fazenda, sua montaria preferida era uma égua chamada Bugra, preta e com uma estrelinha branca na testa. Já bem mais tarde, montava uma égua tordilha chamada Bolacha que os peões não deixavam os netos encilhar porque o animal "era do andar do patrão".
            Tinha um hábito engraçado. Quando estava na cidade, chegava em casa e colocava o pijama, quase sempre listrado de preto branco e azul, conservando a camisa social e a gravata. Aliás, antigamente era chique os cavalheiros usarem o casaco de pijama como blazer nas viagens de trem.
            Na mocidade dava suas escapadas. No Bororé ou no Recreio, vivia um certo Pedro Lacerda que, segundo diziam era filho dele com uma tal de Selvanira, filha de um posteiro da fazenda. Pedro Lacerda morreu em 14 de fevereiro de 203, aos 72 anos e deixou uma família numerosa
            Pedro Conceição só envelheceu fisicamente. Durante sua longa enfermidade ele dizia inconformado: "a carcaça é velha, mas o espírito ´continua jovem". Faleceu em 09 de agosto de 1969, aos 81 anos em Porto Alegre, e tocou piano até a véspera de sua morte.


1ª Parte: Jorge Fernando Sampaio Gudolle e Marilia Gudolle Gottens
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2ª Parte: Rita Faracco
             
            
              
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