REGISTROS, GENEALOGIAS, HISTÓRIAS E POESIAS...
a fim de preservação da memória de nossos ancestrais
MARILIA GUDOLLE C. GÖTTENS

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Quinta do Português



Tentarei descrever como minha Tia Perica me contava e a contavam também, sobre a Quinta de CPM. Esse jardim fazia frente à Rua hoje Pinheiro Machado e fundos com a Av.Venâncio Aires. O Portão de entrada, que tão bem recordo, localizava-se de frente à Rua Pinheiro Machado, todo em ferro torneado, produzido em Portugal, contendo no centro, em sua parte superior as iniciais CPM, e um pouco mais acima, o ano de sua construção: 1858.
Essa imponente quinta teve marcadamente influências do barroco português.
Sobre o portão, existiam dois vasos em faiança esmaltada, ambos em duas tonalidades de azul e branco, decorados com figuras em alto relêvo. Nas laterais dos mesmos, continha azulejos de cores azul e branco, amarelo e branco e outro um pouco menor em azul escuro e branco. A mesma técnica dos vasos era igual aos dois primeiros tipos de ajulejos citado. Também fazia parte do antigo muro, a "curva francesa" ou volutas, ressaltando-se que nessa época, eram muito evidenciados esses detalhes em Portugal.
No interior da quinta, logo após o portão, havia uma grande escadaria em pedras enormes, vindas essas de Itaqui (RS). Lembro que quase no final das escadarias, sobre um pilar, existia uma estátua de um grande cão sentado, olhando de frente para o portão.
Seguindo após as escadarias, existiam fileiras de colunas decoradas com os ajulejos já referidos, sendo que em cada uma delas havia uma estátua em faiança branca, com escrito em azul: Santo Antônio (Portugal). Cada estátua representava um dos continentes. Eram em número de quatro, pois à época a Oceania ainda não fora descoberta. Essas estátuas eram mulheres, sendo que recordo da Asia, que parecia muito com a estátua da liberdade, e da Africa, que era uma índia com cocar coberto de penas e os seios de fora. As outras, não recordo.
Seguindo, vinha um pequeno portão, em duas partes, e em cada lado deste, em cima de um pilar, encontrava-se um leão sentado de frente para o Portão principal. Lembro que muitas vezes brincava com meus irmãos em cima dos leões, fazendo que andava à cavalo. Esses leões, quando os conheci, eram de um material que parecia de cimento, e já muito desbotado.
O que seguia-se após, não conheci. Mas tia Perica contava que existiam inúmeras flores e árvores da mais exótica espécie até as mais comuns, muitos bancos em pedras decorados, mesas redondas de pedras, e mais adiante, em uma altura de mais ou menos dois metros, havia uma estátua do Deus Baco (Deus do vinho), logicamente acompanhado de inúmeras carreiras de videiras.

Arquivo Pessoal de Marilia Castro Göttens
Gravuras gentilmente cedidas por Henrique Madeira

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A chegada ao Brasil e a vida de CPM no Rio Grande de São Pedro




Desde pequena criei-me ouvindo que meu trisavo Caetano Pereira da Motta veio de barco à vela de Portugal, e que teria enfrentado uma grande tempestade em alto mar, levando cerca de 05 meses para chegar ao Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, exatamente no dia 18 de Julho de 1841, dia de grandes festejos no RJ, pela coroação de D. Pedro II.
Nessa data, o Navegante Sonhador contava com apenas 23 anos.
Desconheço as verdadeiras razões que o levaram a sentar morada no Rio Grande de São Pedro, mais precisamente em Cruz Alta. Mas por certo, razões houveram, sendo que ainda bem menina ouvia tais afirmações e conversas como: O irmão de CPM, Jose Pereira da Motta, era bem mais velho e teria vindo para cá um pouco antes.
Esse Jose Pereira da Motta, irmão de meu trisavo, possuia propriedades na "vila da Cruz Alta", como também possuía uma fazenda no interior de Palmeira das Missões (antigamente pertencia à C. Alta), bem como casou em Santa Maria RS, com Leopoldina Carpes, sendo que não deixaram descendência. (mais adiante falarei um pouco mais desse casal).
Também lembro das conversas, que teria vindo de Portugal uma irmã de ambos, e que casou com um Cezimbra de Santo Ângelo. Dessa irmã desconheço mais notícias.
Caetano Pereira da Motta, casou em Cruz Alta, aos vinte e seis dias do mes de fevereiro de mil oitocentos e quarenta e oito com Maria Veríssimo da Fonseca, no Oratório de Manoel Esteves Veríssimo da Fonseca, na presença das testemunhas Jose Pereira Da Motta e Joaquim Veríssimo da Fonseca, sendo que a noiva Maria, era filha legítima de Manoel Esteves Veríssimo da Fonseca, natural da Freguesia do Ervedal, na Beira Alta, tendo emigrado para o sul, de Ouro Preto MG em 1810 e de Quitéria Rita da Conceição.


















CPM adquiriu terrenos, chácaras em Cruz Alta, e arredores de Porto Alegre. Sem negar seu sangue luso, abriu um pequeno estabelecimento comercial localizado onde situa-se hoje o Colégio Santíssima Trindade, mais precisamente no acesso principal da escola, até a esquina com a rua Cel. Martins, onde comercializava flores, folhagens e mudas frutíferas.
Construiu sua casa de moradia na esquina da hoje rua Pinheiro Machado com a rua Andrade Neves, sendo que o terreno ia até a av. Venâncio Aires, e estendia-se de frente até a casa de Ataliba Noronha, hoje pertencente à ex esposa de Clodomar Guittel.
Em sua residência, bem na esquina, minha tia contava, que também seu avô contava à ela, que tinha uma grande porta que dava acesso a outro estabelecimento comercial de CPM, onde era comercializado tecidos, cordas, pregos, sabão, fumo, água de lavanda, cereais, entre outros.
Lembro quando criança, de um caderno enorme, de capa dura e bem desgastado pelo tempo, onde CPM anotava a venda das mercadorias, tipo para "pagar depois" Era mais ou menos assim: Seu fulano - 1 kg de prego - data, e assim por diante. Se pagavam ou não, é outra história. Infelizmente não existe mais esse caderno.
Sei que a casa de moradia era toda com porões habitável, tudo construído de pedras enormes, sustentada por vários arcos de argamassa (penso que de barro, pois calculo que não havia cimento).
Sua moradia era tipicamente em estilo português, como a maioria das casas à época. Os móveis e objetos que a guarneciam era o que podia haver de mais fino e bonito. Os móveis, cantoneiras, cristaleiras, armários e quartos, eram todos em madeira nobre, com adornos em alto relevo. Muitos lustres, candelabros de cristais facetados e de várias cores, fruteiras de cristal, porcelanas inglesas, lampiões de bronze com vidros de cristal, cobertas de mesa portuguesa, inclusive postarei posteriormente algumas fotos desses objetos.

Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle C. Göttens

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Douro

À minha porta passa um rio,
Um rio tão grande
Que parece um Douro.

E esse rio passa na terra onde nasci,
E tráz com ele um néctar tão doce
Que só pode vir do Douro.

E nos meus livros tenho um poeta,
Que me alimenta a alma
A falar do Douro.

Assim fico vaidoso e sou um privilegiado,
Não preciso de musas,
De crises existenciais,
De palavras difíceis
Pensamentos complicados,
Nas minhas veias,
Corre um rio Douro.

Carlos Maduro
Santa Maria da Feira
Portugal

O Navegante Sonhador




"Apropiar-se da dimensão temporal da história não como uma sucessão de fenômenos que acontecem numa dimensão estática, mas que estão acontecendo, é em outras palavras, a apreensão do tempo histórico como um "continuum" e não como eventos isolados."




CAETANO PEREIRA DA MOTTA, meu trisavô, nasceu no reino de Portugal, Freguesia de São Miguel D'Oliveira do Douro, Bispado de Lamego, aos 15 de maio de 1818. Era filho legítimo de Manoel Pereira da Motta e Maria Joaquina. Neto paterno de outro Manoel Pereira da Motta e Gertrudes da Conceição, do lugar de Vergada de São Gonçalo da Comarca da Feira, Bispado do Porto, e materno de Manoel Pinto Cidade e Joseffa D'Almeida, do lugar de Oliveirinha. TRASCRIÇÂO do ASSENTAMENTO DE BATISMO de CPM: "Diz Maria Joaquina, molher de Manoel Pereira, assistente em Oliveirinha da Freguesia de São Miguel D'Oliveira do Douro, deste Bispado de Lamego,q' para requerimtos que tem preciza por certidão o theor do assento do Baptismo de seo filho Caetano, o qual se acha ainda no Archivo...Igreija; esendo necessário jura não ser pª cazo crime:pelo q. P......................Sº. seja cervido mandar ao seo Rdº Parocho lhe passe apedida certidão em termos legaes. ......................................................... Em Cumprimento do Despacho supra..........................deste Destrito, vi ni Livro dos Baptisados desta Igreja em folhas setenta e sete, verso, achei o aponto do theor seguinte. Aos vinte seiz diaz do mez de maio mil e oitocentos e desoito, Baptisei solemnemente, epuz os Santos Olios a Caetano nascido aos quinze deste mez, filho legitimo de Manoel Pereira da Motta, e de sua molher Maria Joaquina do logar de' Oliveirinha desta Freguesia; neto paterno d'outro Manoel Pereira da Motta e de sua molher Gertrudes da Conceição do logar de Vergadade São Gonçalo, da Comarca da Feira, Bisppado do Porto; e Materno de Manoel Pinto Cidade e de sua molher Joseffa d'Almeida, do logar d'Oliveirinha; forão Padrinhos Caetano da Costa, e sua molher Maria da Silva da Ribeira de Gil, e testemunha José Pereira Varzia do Ribeiro da........,Manoel Ribeiro....de Villanova, todos desta Freguesia; epara constar,mandei fazer este assento, dia, mez......:..............João d'Almeida Magalhães, José Teixeira de Manoel Ribeiro, huma.........., não se continha maiz no ditto apsento, que fielmente copeei, eaque me repporto. Residência d'Oliveira do Douro 25 de Janeiro de 1834. ............................................................................................ . Reconheço aletra e asignatura supra ser do próprio Reverendo..................da ........da Freguesia de SamMiguel d'Oliveira do Douro do que dou fé.


Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle C. Göttens