REGISTROS, GENEALOGIAS, HISTÓRIAS E POESIAS...
a fim de preservação da memória de nossos ancestrais
MARILIA GUDOLLE C. GÖTTENS

sábado, 24 de setembro de 2011

Cuentos da Tia Avó Dija (Djalmira Gudolle)

A Vó Dija contava uma história sobre os dois filhos naturais de André Gudolle: " Quando ele casou com a Maria Benvinda, escondeu os dois filhos naturais num rancho no fundo do campo, sem coragem de falar deles para sua noiva. Após o casamento, Benvinda foi residir na estância. Um dia ele saiu, e após voltar, encontrou Benvinda com os dois filhos naturais na porta da casa, esperando-o. Alarmado, perguntou: Quem são estas crianças, Benvinda? E ela respondeu: São nossos filhos". E encerrou-se a questão." " Se non é vero è bene trovato".

Arquivo pessoal de Marilia Gudolle C. Göttens e FCG

terça-feira, 20 de setembro de 2011

André Martins (Martinez) Gudolle e Maria Benvinda Nunes Pereira












Do matrimônio de André e Maria Benvinda, houveram 5 filhos: 1. Djalma Pereira Gudolle, nasceu em 16/6/1885, no lugar denominado São José, outrora 1º distrito de São Borja. Teve como padrinhos seus avós maternos e sua tia Dª Julia Malvina Pereira. 2. Deuclydes Pereira Gudolle, (Dico), nasceu em 5/1/1888, no mesmo lugar de Djalma. Teve por padrinhos sua avó materna Virgínia Martins Gudolle e Leôncio Pereira da Silva.
No ano de 1888, André monta um estabelecimento comercial em São Canuto, 2º distrito de Itaqui e, em 1889 muda-se com sua família para esse local. Ali nasce seu 3º filho 3. Djalmira Pereira Gudolle, em 23/7/1889.
No ano seguinte, 1890, muda-se novamente, mas para local próximo, que passa a chamar de "Revolução", para comemorar a revolução pacífica que se operava no Brasil. "Longe estava de pensar que em nosso país houvessem revoluções sanguinolentas. Enganei-me. Veio uma tremenda da qual darei notícias mais adiante". (Memórias Manuscritas de André Gudolle).
"Em 29 de junho de 1891, é uma data lutuosa em nossa família. Perdi minha extremosa mãe. Acha-se sepultada no cemitério de Santo Cristo. Tem catacumba com a inscrição em pedra mármore. Faleceu com 60 a 62 anos. Conheceu os meus três filhos mais velhos, por quem estremecia". (Memórias Manuscritas de André Gudolle).


O quarto filho de André e Maria Benvinda nasceu em 9/5/1892 e chamava-se 4. Deolmira Pereira Gudolle. Teve por padrinhos, seus tios Afonso Nunes Vieira e Dª Julia Nunes Vieira.
" Vivi com minha idolatrada esposa, nove anos na campanha. Éramos muito felizes, muito nos amáva-mos. Era digna pelas suas virtudes, seus dotes físicos e morais.
Com a guerra que convulsionou o Rio Grande, que foi calamitosa para todos os seus filhos, tivemos que emigrar para a cidade de Itaqui, lugar que dava mais garantias por estar ocupada por forças governistas. Aqui tivemos o resto do ano de 1893 e todo o ano de 1894, a fim de reaver o perdido e lutar pela vida, reabrindo nosso estabelecimento comercial. Antes de nos retirar-mos para Itaqui, fomos saqueados na nossa casa comercial no dia 30 de setembro de 1893, pelas forças revolucionárias comandadas por Gomercindo Saraiva e Coronel Salgado. Houveram mais três saques de pequenos grupos revolucionários.
Entre mercadorias e gados animais, os nossos prejuízos atingiram a mais de trinta contos, não contando despesas, o tempo perdido e dívidas comerciais. Foi, portanto, calamitosa para nós, a execranda revolta. A história melhor vos informará dos morticínios medonhos praticados nessa revolução". (Memórias Manuscritas de André Gudolle).

Deolmira (Mimira), Delminda Benvinda (Vindinha), e
Djalmira (Dija), possivelmente em fins dos anos 30, em
Itaqui na estância Santa Clara, de Parmênio Palmeiro,
marido de Deolmira.


"Aproxima-se a época para mim, e todos vós meus queridos filhos, de mais desgostos, com quanto todos vós sejam pequenos, não podeis avaliar. No entanto, no dia 18 de dezembro de 1894, na cidade de Itaqui, perdestes vossa extremosa e carinhosa mãe, minha virtuosa esposa. Foi uma fatalidade para todos nós. Que perda irreparável meus queridos filhos, todos vós em tenra idade. Que golpe profundo a mão fatal do destino desferiu sobre nossa família.
Vós, meu querido Djalma, ficastes órfão aos 9 anos, meu Dico aos 7 anos, minha Djalmira aos 2 anos e meio, e a última, que nasceu no dia 13 de setembro de 1894, que dá pelo nome de 5. Delminda Pereira Gudolle, ficou órfão com 3 meses e cinco dias. Que injustiça da sorte. Seja feita a vontade de nosso Deus, que tudo pode. Lamento mais por todos vós, que não mereciam tão cedo, sorte tão cruel; o desaparecimento daquela que lhes deu o ser e que era tão extremosa e dedicada para mim.
Ao relatar-vos este acontecimento, que já lá vai para mais de dois anos, sangra-me o coração, cem anos que vivesse; idolatrarei a memória de quem foi vossa mãe, de quem foi minha esposa". (Memórias Manuscritas de André Gudolle).

Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle C. Göttens