REGISTROS, GENEALOGIAS, HISTÓRIAS E POESIAS...
a fim de preservação da memória de nossos ancestrais
MARILIA GUDOLLE C. GÖTTENS

domingo, 21 de agosto de 2011

Descendência do Casal Gertrudes e Bonifácio José Nunes

GERTRUDES BERNARDA DE ASSUMPÇÃO e BONIFÁCIO JOSÉ NUNES tiveram os seguintes filhos: 1. Pedro Jose Nunes, nascido no Herval e batizado em 28/6/1794, na freguesia de São Pedro, no Rio Grande. Lanceiro das Campanhas Cisplatinas e da Revolução Farroupilha. Morreu no combate do Seival, em 10/9/1836. Não há registro de seu casamento, mas consta que teve um filho com seu nome, que lutou na Guerra do Paraguai. 2. José Vieira Nunes, natural do Herval, nascido em 13/7/1795. Casou com Lina Joaquina de Sant"Ana. Lutou pela legalidade na Revolução Farroupilha ao lado de seu cunhado Silva Tavares e foi o inventariante dos bens de sua mãe. Tiveram oito filhos. 3. Ana Joaquina Vieira Nunes, natural do Herval, nasceu em 18/2/1797. casou com Joaquim Leite. Tiveram apenas um filho. 4. Maria Bernarda Assumpção Nunes, natural do Herval, nascida em 6/11799. Casou em 16/8/1814, em Jaguarão, com Antônio Gonçalves de Medeiros. Tiveram seis filhos. 5. Jerônimo José Vieira Nunes, natural do Herval, nasceu 16/12/1800. Casou com Albina Caetano Vieira, filha de José Caetano Vieira (Francisco Caetano Vieira e Rosa Joaquina de Jesus) e de Maria Eugênia dos Prazeres Martins (Manoel Joaquina de Carvalho e Maria Inácia). 6. Umbelina Bernarda de Assumpção Nunes, natural do Herval, nascida em 28/4/1802. Casou com João da Silva Tavares (José da Silva Tavares e Joana Maria dos Santos). Faleceu em Bagé, em 27/7/1886. 7. Antônio Vido Vieira Nunes, natural do Herval, nascido em 22/01/1804. Casou no Herval em 28/2/1828, com Firmiana Caetano Vieira, filha de José Caetano Vieira (Francisco Caetano Vieira e Rosa Joaquina de Jesus) e de Maria Eugênia dos Prazeres Martins (Manuel Joaquim de Carvalho e Maria Inácia). Lutou ao lado da legalidade, na Revolução Farroupilha e caiu prisioneiro dos republicanos no combate do Seival. Faleceu com mais de 80 anos, no Herval, em 18/5/1886. 8. CECÍLIA ASSUMPÇÃO VIEIRA NUNES, natural do Herval, nascida em 28/7/1805 e batizada no oratório de São João Batista do Herval, pelo padre Paulo Joaquim de Menezes, sendo padrinhos João dos Santos Campelo e Fermina Justina de Lima. Casou em 1ª núpcias com o Major DAVI FRANCISCO PEREIRA, filho de Francisco Pereira Machado e de Juliana Rosa de Jesus (Sebastião Pereira de Moraes e Isabel de Jesus). Filhos do casal: 8.1. Felicíssima Nunes Pereira (Jerônimo Vieira Nunes), nascida no Herval. 8.2. Davi Francisco Nunes Pereira (Cesária Madruga de Bittencourt), nascido no Herval e casado em 16/12/1854. 8.3. Amália Nunes Pereira, nascida no Herval, em 26/3/1832. 8.4. Bonifácio Francisco Nunes Pereira (Manuela Madruga), nascido no Herval, em 23/3/1834 e casado em 26/01/1860. 8.5. Galdino Francisco Nunes Pereira, nascido no Herval, casado com sua prima Camila Nunes Vieira. 9. Ludovina Maria Vieira Nunes, natural do Herval, nascida em 28/9/1806. Casou com Jose Caetano Alves, natural do Herval, filho de Jose Caetano Vieira (Francisco Caetano Vieira e Rosa Joaquina de Jesus) e de Maria Eugênia dos Prazeres Martins (Manuel Joaquim de Carvalho e Maria Inácia). Oficial das forças legais de Silva Tavares, fez toda a campanha da Guerra dos Farrapos; faleceu em Pelotas, em 14 de julho de 1856. Ludovina faleceu no ano de 1872. Filhos do casal: 9.1 José Bonifácio Nunes Vieira (Maria Antônia Nunes Gonçalves), natural do Herval, nascido em 29/7/1828; 9.2 Margarida Nunes Vieira, natural do Herval; 9.3 Maria Gertrudes Nunes Vieira, natural do Herval, nascida em 20/5/1830; 9.4 Joaquim Deolindo Nunes Vieira, natural do Herval, nascido em 26/7/1831; 9.5 Camila Nunes Vieira. 1o. Camila Vieira Nunes, natural do Herval, nascida em 12/4/1808. Casou com Antônio Gonçalves de Medeiros (Manuel Gonçalves e Isabel do Espírito Santo), viúvo de sua irmã Maria Bernarda. Faleceu em Jaguarão em 27/01/1846. 11. Virgilina Maria Vieira Nunes, natural do Herval, nasceu em 5/12/1809. Casou no Herval em 28/2/1828, com o capitão Serafim Caetano Alves Vieira, filho de Jose Caetano Vieira ( Francisco Caetano Vieira e Rosa Joaquina de Jesus) e de Maria Eugênia dos Prazeres Martins (Manuel Joaquim de Carvalho e Maria Inácia), um dos principais oficiais das forças legalistas de Silva Tavares. Ferido pela 1ª vez no combate do Telho, em 22 de setembro de 1835, e na 2ª vez perdeu o braço direito. Fez toda a campanha farroupilha até o ano de 1845. 12. Felicíssima Vieira Nunes, nascida no Herval em 8/2/1816. Casou no Herval em 14/12/1832 com Francisco José Feijó, filho de Inácio Felix Feijó e de Ana Joaquina dos Santos. Francisco Feijó foi oficial das forças legais do Cel. Silva Tavares e caiu prisioneiro de Davi Canabarro no assalto à casa da fazenda de Bonifácio José Nunes, na Revolução Farroupilha. 13. Amálio José Vieira Nunes, nascido no Herval em 4/5/1812. Lutou ao lado de Silva Tavares no combate do Seival, onde foi aprisionado. Casou com Virgilina Deolina Saldanha, filha de Venâncio Saldanha e de Cândida de Freitas. 14. João Bonifácio Vieira Nunes, nascido no Herval em 4/12/1813. Casou com Benigna Antunes. 15. Gertrudes Vieira Nunes, nascida em 10/01/1817 e batizada em 26/01/1817, em Jaguarão. Faleceu menor. 16. Flora Vieira Nunes, nascida em Jaguarão, provavelmente em 1819. Não foi encontrado seu registro de batismo. Casou com seu sobrinho João Nunes da Silva Tavares, futuro Barão do Itaqui, filho de João da Silva Tavares e de Umbelina Benarda de Assumpção Nunes.

Nunes Vieira, José Cypriano. Edifunba - 1988
Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle C. Göttens

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Personalidade e Genealogia de Bonifácio José Nunes


BONIFÁCIO JOSÉ NUNES é uma personalidade invulgar, destacada por sua bondade, retidão de caráter, operosidade no trabalho e espírito comunitário.
Naquela época, quando não havia justiça organizada, os pleitos, surgidos entre vizinhos, eram decididos por arbitragem de cidadão idôneo, escolhido pelas partes.
Esta difícil tarefa, ninguém superou a BONIFÁCIO, tanto que existia um provérbio na região, pronunciado quando havia contenda entre dois disputantes e se apelava para o juízo de terceiro.
- "O que compadre BONIFÁCIO disser é o que se faz!"
O dito popular provinha da grande ascendência que este personagem exercia na comunidade regional.
Quem teve contato com a geração que alcançou o venerando ancião e dela ouviu a narração dos feitos por ele, cotidianamente, orgulha-se de seu ponderado critério, de sua exacerbada abnegação e de sua proverbial honradez.
Possivelmente, Rafael Pinto Bandeira, ao dar-lhe baixa do serviço ativo do exército, o tenha investido de alguma autoridade sobre o acampamento militar que, gradativamente, ia se transformando em vilarejo. Exerceu tal ascendência inicial sobre os residentes e vizinhos que é de supor ser a mesma emanada de delegação especial de poderes. Pronto careceu o título de nomeação, impondo-se por suas qualidades humanas ao povo solícito, que o procurava em busca de conselhos.
Destacou-se não só no domínio dos sentimentos, como no afã ao trabalho. A primeira oficina industrial, que existiu na fronteira; uma olaria, garantindo a estabilidade da povoação, foi criada por diligências suas. Grande plantador de trigo, sobrando-lhe tempo, desenvolveu extensa cultura de mandioca que transformava em farinha no engenho construído na própria fazenda. Com o passar dos anos, transformou-se em criador de bovinos, quando o gado, valorizando-se pela instalação das charqueadas, passou a ser negócio rendoso.
Enriquecendo em poucos anos não gozou egoisticamente a fortuna adquirida; antes," tratou de fazer partícipe do produto de seus labores o povo em cujo meio vivia".
BONIFÁCIO ao morrer deixou uma estância nas pontas do Arroio Grande, no Herval, com cerca de 10.875 hectares, povoadas com 3.800 reses, 300 cavalos e 250 ovinos. Consta ainda da relação de seus bens, além de casas na vila do Herval, 29 escravos. Na República Oriental do Uruguai, na Serra de Rios, possuía outra estância com área de 3.700 hectares.
Os pais de BONIFÁCIO JOSÉ NUNES foram Antônio Nunes e Ana Maria do Nascimento que contraíram matrimônio a 24 de Setembro de 1784, na igreja de Santo Ângelo do Rio Pardo, sendo a cerimônia oficiada pelo padre Mateus Pereira da Silva, servindo como testemunhas Custódio Leite Ferreira e Francisco Coelho. Antônio Nunes era natural da Ilha Terceira, filho de Antônio Nunes Corvello e de Maria da Conceição. Ana Maria do Nascimento era natural da Ilha de São Jorge, filha de João Silveira de Quadros e de Maria de Ávila.












BONIFÁCIO JOSÉ NUNES, natural de Rio Pardo, foi batizado nesta paróquia a 21 de Agosto de 1769. Infelizmente não existe mais o livro nº 2 de batismo de Rio Pardo, dos anos de 1763-1774, para precisar a data de seu nascimento. Há informações de que tenha sido no ano de 1768.
Casou BONIFÁCIO com GERTRUDES BERNARDA DE ASSUMPÇÃO, natural de Santo Antônio da Patrulha. Foi batizada em 06 de Outubro de 1777, na paróquia de Santo Antônio da Guarda Velha, de Viamão, pelo vigário Francisco Coelho de Fraga, sendo madrinha Maria Felícia da Natividade, mulher de Antônio Nunes Benfica. Era filha de José Francisco Vieira (Antonio Teixeira Barroso e Maria Vieira Machado) e de Ana Rosa Joaquina (Amaro Cardoso de Siqueira e de Maria Vieira), naturais da Ilha de São Jorge, freguesia de Nossa Senhora das Neves, todos do Bispado de Angra.



O casal teve longa existência. BONIFÁCIO viveu 95 anos, falecendo no Herval em 1863. GERTRUDES morreu aos89 anos, na cidade de Pelotas, em 22 de fevereiro de 1865. Tiveram 16 filhos, sendo 10 mulheres e 6 homens. Seus netos atingiram a mais de 100. De GERTRUDES diziam que era uma verdadeira amazonas, apreciando a arte da equitação "mas que sabia conciliar a esportividade com os sentimentos mais delicados inerentes ao coração da mulher".

Nunes Vieira, José Cypriano, Edifunba - 1988

domingo, 14 de agosto de 2011

Bonifácio José Nunes - Uma das últimas ações da Epopéia Farroupilha

Após a derrota no Seival, o Coronel Silva Tavares escapa reunindo 30 companheiros remanescentes com o objetivo de atacar Piratini, a capital dos Farrapos. Silva Tavares encontrava-se na sede da fazenda de seu sogro BONIFÁCIO JOSÉ NUNES acompanhado por um grupo de colaboradores de elite, visitando uma filha recém chegada do Uruguai. Nesse meio tempo David Canabarro os surpreende por forte fuzilaria, os quais responderam a bala. A tenacidade da resistência e disposição para a luta levavam os atacantes a propor a capitulação sob condições. Prevendo um cerco demorado, sem esperanças de socorro e receando a falta de víveres, o chefe imperial resolveu parlamentar. Apelou para o sogro, solicitando que se encarregasse da espinhosa tarefa. "Saiu o velho BONIFÁCIO ao peso de seus quase 77 anos, a entender-se com Canabarro que não se fazendo esperar conferenciou com Silva Tavares, a quem garantiu, sob palavra de honra, a vida de todos".
A respeitabilidade e a força moral, inspiradas no venerando ancião, dobraram os vencedores, apesar da embriaguez do sucesso que os havia empolgado.
Receberam-no com atenção e deferência, concordando em discutir as condições de rendição com o seu genro.
Este fato se deu em 17 de Dezembro de 1836, na estância de BONIFÁCIO JOSÉ NUNES, no Herval.
A revolução se alastrava conseguindo cada vez mais adeptos; a economia da província sentia os efeitos desastrosos da guerra. BONIFÁCIO, amparado pelo neto, lamentava a perda de entes queridos, abatidos na luta fratricida e a separação daqueles que tinham emigrado ou ausentes por estarem engajados nas tropas.
Por volta de 1840, a família de Silva Tavares mudas-se para o Rio Grande. Por esta época, D.UMBELINA BERNARDA DE ASSUMPÇÃO NUNES, esposa de João da Silva Tavares, deu duas netas à BONIFÁCIO: Maria Cecília, nascida em 06 de Janeiro de 1839 e Rita, nascida em 12 de Maio de 1840. Ambas faleceram ainda crianças.
O Capitão Balbino Manuel Francisco de Souza, comandava a esquadra Imperial em combate no dia 21 de Junho de 1844 na vila de Jaguarão, constituindo-se uma das últimas ações da guerra farrapa.
O Capitão Balbino, se casaria mais tarde com a neta de BONIFÁCIO, de nome GERTRUDES, natural do Herval.
O tratado de paz de Ponche Verde, foi assinado a 25 de Fevereiro de 1845, terminando definitivamente com a Revolução Farroupilha.
BONIFÁCIO, brindado com outra neta, nascida no Rio Grande, a 15 de Outubro de 1842, recebeu o nome de MARIA CECÍLIA, a segunda da descendência. Casa em Bagé, no ano de 1870, com o médico pelotense Gervásio Alves Pereira.
O casal Silva Tavares deu ainda ao patriarca mais dois netos, que nasceram no Rio Grande, o chamado Francisco, a 05 de Agosto de 1844 e batizado como José Bonifácio, a 19 de Março de 1845. Ambos teriam papel destacado na Revolução Federalista de 1893.
Tanto o casal BONIFÁCIO JOSÉ NUNES, como os seus descendentes e amigos sofreram enormes represálias, devido às posições políticas assumidas. A população que era partidária do trono, viu-se compelida a abandonar a terra natal.
João da Silva Tavares, não voltou a residir mais no Herval. Ficou morando em Bagé, onde conseguiu reconstruir a sua fortuna, pois havia perdido seus campos tanto no Herval como no Uruguai.
BONIFÁCIO e sua mulher continuaram morando no Herval, mas os seus descendentes espalharam-se por Pelotas, São Gabriel, Rio Grande e Bagé.
A população do Herval em 1845, não alcançava a metade do que fora antes da guerra. O progresso estacionou por muitos anos.
Seguindo-se, no ano de 1851, veio a guerra contra Rosas, sendo que do Herval participou toda a juventude, incluindo-se José Aparício Vieira Nunes, neto de BONIFÁCIO. José Aparício, que mais tarde seria eleito em mais uma legislatura, intendente do Herval, era filho de Antônio Vido Assumpção Nunes e de Firmiana Caetano Vieira.
Com a derrota de Rosas, o esquadrão ervalense regressou à terra natal e José Aparício Vieira Nunes, recebeu o posto de tenente.
A campanha contra Rosas, foi o penúltimo envolvimento militar presenciado por BONIFÁCIO., que neste ano completou 84 anos de existência. Lúcido, embora distante da maioria de seus descendentes, tinha notícias de que todos se voltavam às atividades produtivas nas cidades ou no campo, seguindo o seu exemplo de labor e solidariedade, já que os homens precisam viver do trabalho de seu dia a dia, e não das glórias de suas guerras.
Em Julho de 1853 estourou um movimento revolucionário do partido colorado, em Montevideo. Os insurretos queriam a deposição do presidente Giró. Essa revolução obrigou o presidente a abandonar o poder, sendo que os líderes vencedores pediram auxílio do Governo Imperial Brasileiro, para restaurar e manter a ordem nacional.
Não houve lutas, e as tropas brasileiras retiraram-se de Montevideo.
BONIFÁCIO JOSÉ NUNES que lutara com Rafael Pinto Bandeira, contra os espanhois no estabelecimento definitivo de nossa fronteira sul, tornara-se, desde então, testemunha ocular de todos os movimentos armados, envolvendo os rio-grandenses e sua terra. Ao completar 88 anos de idade, via pela última vez uma campanha militar.
Como veio a falecer em 1863, não chegou a presenciar a Guerra do Paraguai.

Nunes Vieira, José Cypriano - Edifunba - 1988

Ainda sobre Bonifácio José Nunes e sua Família


Aos 53 anos de idade, BONIFÁCIO foi expectador dos acontecimentos que marcaram o Rio Grande de São Pedro, como anteriormente e a seguir postados.
Mas não para aí tudo o quanto um homem de sua bravura poderia ainda presenciar.
Seus descendentes mais jovens, corajosamente participaram dos conflitos militares que iam sucedendo: Jerônimo José Assumpção Nunes, Davi Francisco Pereira, Pedro José Assumpção Nunes.
Ao findarem as operações militares, todos voltavam ao trabalho, envolvendo-se principalmente, nas lides campeiras, devido à valorização do gado que aumentava sucessivamente. As estâncias prosperavam e a criação do gado cada vez mais se expandia. BONIFÁCIO consolidava seu patrimônio dedicando-se à agricultura e à pecuária nos campos do Herval, que não tinham sido afetados diretamente pelas guerras. Casava os filhos e via crescerem os netos.
No ano de 1825, chega à BONIFÁCIO e sua família no Herval, a notícia da invasão da Província Cisplatina, por orientais independentes.
Era o início de outra guerra desastrosa para o Império Brasileiro. Após, o Império Brasileiro declara guerra à Argentina.
Os membros da família NUNES que eram veteranos soldados em outras campanhas, alistaram-se nas forças brasileiras, que defendiam a terra ameaçada pelo invasor.
O território do Herval, palmilhado e pilhado em toda a sua extensão, sofreu os males da passagem de um exército de dez mil homens, que só para se alimentar, necessitava de milhares de cabeças de gado diariamente. Estâncias e lavouras foram arrasadas.
Na oportunidade, João da Silva Tavares, outro genro de BONIFÁCIO, com os seus comandados, recebeu a missão de evacuar o Herval. Os habitantes da vila e dos arredores foram levados para a segurança de Piratini. BONIFÁCIO e sua família refugiaram-se nesta vila e só regressaram ao Herval, ao cessarem as hostilidades, com a expulsão do invasor.
Esse conflito terminou a 27 de agosto de 1828 com a assinatura da Convenção Preliminar da Paz no Rio de Janeiro, reconhecendo o Uruguai como Estado independente do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata aprovaram, em 1830, a Primeira Constituição Política da República Oriental do Uruguai.
Enorme desolação causou aos ervalenses esta guerra.
Após um intervalo de sete anos, novas lutas vieram ensanguentar o solo rio-grandense. Não mais uma disputa de territórios ou demarcação de fronteiras, mas um choque entre irmãos, na longa Revolução Farroupilha. Muitas vidas sacrificadas e enormes prejuízos materiais.
A quase totalidade da família NUNES se opôs ao movimento de vinte de setembro, permanecendo fiel à legalidade, por influência de BONIFÁCIO. Lutaram com tenacidade e desprendimento no sustento do Império Brasileiro, sendo que alguns perderam a vida e, a maioria, os seus haveres. Quando o conflito terminou, ao final de quase dez anos, os sobreviventes estavam todos empobrecidos.
O papel mais destacado entre os imperiais, coube, sem dúvida, a João da Silva Tavares, genro de BONIFÁCIO, bem como outros genros de BONIFÁCIO, como o Major Davi Francisco Pereira, Capitão Serafim Caetano Alves Vieira, José Joaquim da Porcíuncula e Francisco Feijó; e ainda, os seus filhos Capitão Jerônimo José Assumpção Nunes, Tenente Pedro José Assumpção Nunes. Amálio José Assumpção Nunes e Antônio Vido Assumpção Nunes. Alguns tombaram na luta, outros conseguiram sobreviver aos perigos dos combates e às balas dos inimigos, voltando a se empenhar nas atividades produtivas da sociedade gaúcha.






O patriarca BONIFÁCIO vivia momentos difíceis no Herval. Com o trânsito de tropas arrebanhando gado e destruindo lavouras, as atividades econômicas se restringiam acentuadamente na região. O clima era de insegurança e nestas condições, mandou que algumas filhas buscassem abrigo no Uruguai e outras se recolhessem à segurança de Rio Grande, na residência de parentes.
Ele e sua mulher permaneciam no distrito olhando pelos bens ameaçados, procurando minorar os prejuízos.
Nesse meio tempo, tomba o major Davi Francisco Pereira, veterano das campanhas cisplatinas, ao receber uma bala atravessando seu peito na batalha do Seival.
Bonifácio tinha a chorar vários familiares mortos neste combate.

Nunes Vieira, José Cypriano - Edifunba - 1988