REGISTROS, GENEALOGIAS, HISTÓRIAS E POESIAS...
a fim de preservação da memória de nossos ancestrais
MARILIA GUDOLLE C. GÖTTENS

domingo, 14 de agosto de 2011

Ainda sobre Bonifácio José Nunes e sua Família


Aos 53 anos de idade, BONIFÁCIO foi expectador dos acontecimentos que marcaram o Rio Grande de São Pedro, como anteriormente e a seguir postados.
Mas não para aí tudo o quanto um homem de sua bravura poderia ainda presenciar.
Seus descendentes mais jovens, corajosamente participaram dos conflitos militares que iam sucedendo: Jerônimo José Assumpção Nunes, Davi Francisco Pereira, Pedro José Assumpção Nunes.
Ao findarem as operações militares, todos voltavam ao trabalho, envolvendo-se principalmente, nas lides campeiras, devido à valorização do gado que aumentava sucessivamente. As estâncias prosperavam e a criação do gado cada vez mais se expandia. BONIFÁCIO consolidava seu patrimônio dedicando-se à agricultura e à pecuária nos campos do Herval, que não tinham sido afetados diretamente pelas guerras. Casava os filhos e via crescerem os netos.
No ano de 1825, chega à BONIFÁCIO e sua família no Herval, a notícia da invasão da Província Cisplatina, por orientais independentes.
Era o início de outra guerra desastrosa para o Império Brasileiro. Após, o Império Brasileiro declara guerra à Argentina.
Os membros da família NUNES que eram veteranos soldados em outras campanhas, alistaram-se nas forças brasileiras, que defendiam a terra ameaçada pelo invasor.
O território do Herval, palmilhado e pilhado em toda a sua extensão, sofreu os males da passagem de um exército de dez mil homens, que só para se alimentar, necessitava de milhares de cabeças de gado diariamente. Estâncias e lavouras foram arrasadas.
Na oportunidade, João da Silva Tavares, outro genro de BONIFÁCIO, com os seus comandados, recebeu a missão de evacuar o Herval. Os habitantes da vila e dos arredores foram levados para a segurança de Piratini. BONIFÁCIO e sua família refugiaram-se nesta vila e só regressaram ao Herval, ao cessarem as hostilidades, com a expulsão do invasor.
Esse conflito terminou a 27 de agosto de 1828 com a assinatura da Convenção Preliminar da Paz no Rio de Janeiro, reconhecendo o Uruguai como Estado independente do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata aprovaram, em 1830, a Primeira Constituição Política da República Oriental do Uruguai.
Enorme desolação causou aos ervalenses esta guerra.
Após um intervalo de sete anos, novas lutas vieram ensanguentar o solo rio-grandense. Não mais uma disputa de territórios ou demarcação de fronteiras, mas um choque entre irmãos, na longa Revolução Farroupilha. Muitas vidas sacrificadas e enormes prejuízos materiais.
A quase totalidade da família NUNES se opôs ao movimento de vinte de setembro, permanecendo fiel à legalidade, por influência de BONIFÁCIO. Lutaram com tenacidade e desprendimento no sustento do Império Brasileiro, sendo que alguns perderam a vida e, a maioria, os seus haveres. Quando o conflito terminou, ao final de quase dez anos, os sobreviventes estavam todos empobrecidos.
O papel mais destacado entre os imperiais, coube, sem dúvida, a João da Silva Tavares, genro de BONIFÁCIO, bem como outros genros de BONIFÁCIO, como o Major Davi Francisco Pereira, Capitão Serafim Caetano Alves Vieira, José Joaquim da Porcíuncula e Francisco Feijó; e ainda, os seus filhos Capitão Jerônimo José Assumpção Nunes, Tenente Pedro José Assumpção Nunes. Amálio José Assumpção Nunes e Antônio Vido Assumpção Nunes. Alguns tombaram na luta, outros conseguiram sobreviver aos perigos dos combates e às balas dos inimigos, voltando a se empenhar nas atividades produtivas da sociedade gaúcha.






O patriarca BONIFÁCIO vivia momentos difíceis no Herval. Com o trânsito de tropas arrebanhando gado e destruindo lavouras, as atividades econômicas se restringiam acentuadamente na região. O clima era de insegurança e nestas condições, mandou que algumas filhas buscassem abrigo no Uruguai e outras se recolhessem à segurança de Rio Grande, na residência de parentes.
Ele e sua mulher permaneciam no distrito olhando pelos bens ameaçados, procurando minorar os prejuízos.
Nesse meio tempo, tomba o major Davi Francisco Pereira, veterano das campanhas cisplatinas, ao receber uma bala atravessando seu peito na batalha do Seival.
Bonifácio tinha a chorar vários familiares mortos neste combate.

Nunes Vieira, José Cypriano - Edifunba - 1988

Nenhum comentário:

Postar um comentário