Esmerilda Monteiro Sampaio, 2ª sogra de André, faleceu em 14/01/1914, em sua casa, lugar denominado "Angico", na sesmaria de Santo Cristo.
No dia 4/4/1914 casa Djalmira com o jovem Hugo Veronese Cacciatore, negociante em Itaqui, RS.
O 1º filho de Deuclydes e Iaiá nasce em 1914, chamando-se Raul. Djalma, no ano de 1915, já tem 3 filhos, sendo o último chamado Rubem.
Permanece André em 1915 em Santo Izidro, com sua filha mais velha Malvina
Ainda no ano de 1915 Djalma muda-se para São José no Rincão da Cruz, onde fora arrendatário de 20 quadras de campos. Para esse local leva seu gado comprado de seu pai André em agosto de 1914. " Rincão do Inferno" está dispersado de gado, nesta data dezembro de 1915 ;nada tenho ali. Está a cargo de meu compadre Feliciano Soares, que nada ganha para cuidar os aramados e casa." (Memórias Manuscritas de André Gudolle).
Em Santo Izidro, ainda em 1915, André tem pouco gado invernado, ou seja, 250 reses de crias amestiçado zebu.
" Os meus interesses estão diminutos. Há, porém, com que pagar os meus débitos atuais, salvando o campo denominado Santo Izidro que pela alta dos preços dos campos, vale cem contos de réis, com bom estabelecimento de material (alvenaria). O campo está dividido em duas invernadas e mais potreiros. Boas mangueiras com tronco de madeira de lei. Continuo estes apontamentos com um interregno de dois anos, pois os fatos de interesse em nossa família, poucos a anotar-se".
Foi realizado o casamento de minha presada filha "Vindinha" (Delminda) com o jovem advogado Dr. Osvaldo Aranha, em 12/6/1917. Este é filho de nosso bom amigo Cel. Euclydes de Souza Aranha com a Exmº Srª Luiza Vale Aranha.
O casamento civil foi efetuado na Intendência Municipal de Itaqui (RS), perante grande concorrência de amigos de ambas as famílias. Na mesma ocasião, à noite, foi também realizada as núpcias da filha Eloá Aranha, filha dileta dos amigos anteriormente anotado. Foi com uma grande pompa." (Memórias Manuscritas de André Gudolle).
O 2º filho de Djalmira chama-se Luiz, com 11 meses em agosto de 1917.
"Estamos em agosto de1917. Dico além de Raulzinho, tem mais duas meninas. Perdeu o 2º filinho que era meu afilhado. Chamava-se Guido. As meninas, uma é Benvinda e a outra é Maria. Esta recentemente nascida." ( Memórias Manuscritas de André Gudolle).
Dico (Deuclydes) nessa época, achava-se trabalhando como tesoureiro na Intendência Municipal de Itaqui.
"Presado Djalma. És o meu filho mais velho, por isso te encarregarei de todos os meus negócios, quando eu já não possa exercê-los, mesmo depois do meu passamento, que peço a Deus, nosso criador, para prolongar fato que um dia se dará. Prolongar a minha existência que agora tenho mais necessidade dela, como vais ver."
"O que te relatei em carta de 20 a 26 de agosto (1917), te surpreenderá, no entanto, se refletires com calma, com critério, reconhecerás que o meu ato era o mais correto e social. Já tenho cumprido a minha missão para com meus filhos do 1º matrimônio, educando-os e colocando-os em nossa melhor sociedade, e vivendo só, atualmente, sem o amparo de uma terna companheira. Resolvi casar-me, o que farei brevemente, Deus permitindo."
"A minha escolhida recaiu em moça ainda jovem, não tem 30 anos. É tua prima 2ª, a filha mais velha de meu velho amigo Netto, teu tio primo. Tem predicados como seja: bela, muito meiga, com uma alma pura, rica de sentimentos, sem fortuna alguma, porém, a posse da pessoa dela é uma verdadeira fortuna. Estou resolvido definitivamente casar-me com ela, afrontando todos os óbices que possam aparecer. Te peço criteriosa aprovação e de tua esposa, minha boa nora Isalina. Sei que acatarás meu ato, dando-me a tua concessão, sem o menor constrangimento. Tua prima, que julgo que tu a conhecerás, chama-se Julia. A família a apelidou de Julica. Só vou orientar-te, o quanto ela é digna de entrar em nossa família, não só pelas suas boas qualidades, educação, como pelo seu desprendimento de interesses e abnegação. Propus, como te disse em minha citada carta, de dar-lhe um pequeno dote para assegurar o seu futuro. Contestou-me, quase indignada que não aceitava dote algum, que se casava por amizade, indo mais longe, pelo muito amor que já por mim sentia. Admirei este seu gesto. É de uma candura quase celestial. Seria para mim uma felicidade se não encontrar contrariedade na opinião de meus amados filhos. À todos escrevi longas cartas, advogando a minha nobre causa. Espero ser bem interpretado com a aprovação de todos os seres que me são caros. Tratarei de trabalhar ainda, para conseguir um pecúlio para ela. Ela que abnegadamente aceita a minha mão de esposo, sem interesses de bens. Em remuneração em tempo, pela sua desinteressada dedicação a minha pessoa." (Memórias Manuscritas de André Gudolle".
André Martins Gudolle, casa em 3ªs núpcias no dia 4/01/1918, com Júlia Nunes Netto, filha de José Nunes Netto e Adelina Saldanha Netto, em Santo Izidro onde André já morava. "Julgo-me feliz com este enlace. É tão boa e carinhosa a minha amada Julica, que lamento não ter sido este casamento há mais anos". (Memórias Manuscritas de André M. Gudolle).
No dia 19/01/1918, ou seja, 15 dias após o casamento de André e Julica, morre seu filho Heraclides (2º casamento) em Porto Alegre. Foi assassinado pelos bandidos Azambujas, os quais foram processados.. Heraclides caiu morto, após lutar de bengala contra cinco homens, e, no final atirando com um revólver, feriu os cinco.
"Essa desgraça em minha família, já é o 2º fato. Raul sucumbiu a tiros, desferido pelo falso amigo Fernando Marques. São fatos estes que me é duro recordá-los. Deus é justo, saberá punir os criminosos se a justiça falsa de nossa terra não souber cumprir os seus deveres. Falo lentamente nesse assunto, com já disse, doe-me recordar que perdi esses amados filhos, tão jovens ainda.
No dia 30/8/1918 nasce em Uruguaiana, RS Luisa Zilda (Zazi), filha de Delminda Benvinda (Vindinha) e Osvaldo Aranha.
Nesse ano de 1918, Djalmira tem mais uma filha, chamada Elba. Djalma mais um filho.
Pela metade do ano de 1918, André escreve carta a seu filho Djalma nos seguintes termos: " Djalma, meu prezado filho. Como não somos eternos e já eu tenho vivido 67 anos que irei fazer em 4/2/ do ano próximo futuro, passo a tomar algumas disposições abaixo exaradas.
Em nome de nosso Deus todo poderoso, nosso Pai Celestial. Com o gozo de todas as minhas faculdades mentais, faço estas declarações: Peço-vos pagarem todas as minhas dívidas comerciais: no Banco da Província, vinte e quatrocentos e tantos, no Banco Pelotense, trinta e tantos contos; creio ser R 33:665000, salvo engano. Ao Sr. Paulino A. de Menezes em Uruguaiana, 5:000 e um pouco mais, ao meu genro Osvaldo Aranha, R: 3000 (três contos de réis), à Dª Alice Barcellos R: 5000000, estando os juros pagos até 22 do corrente mês, como bem sabe o meu genro Hugo. Para a viúva de Manoel Reis Martins, seis contos de réis, já pagos os juros até 30 do corrente mês. Para este pagamento tenho dinheiro em mãos (quatro contos, couro e lã). Para Galdino W. da Costa, 4 contos de réis. Calculo dever oitenta e poucos contos de réis a estranhos.
Tenho para estes pagamentos o seguinte: 90 bois mansos invernados que se não baixarem de preço, produzirá em vendas com gados (240:000). Tenho 220 reses gordas (140:000), tenho 380 reses de cria.
Devo mais: Ao meu filho Djalma, 100 reses de crias, das quais também pago arrendamento, que está pago até 28 de março deste ano. Devo mais a minha Esmerilda, o valor constante no inventário feito por morte de sua mãe Maria Luisa Sampaio Gudolle, minha 2ª esposa, oitocentos e tantos réis, segundo se vê em seu formal de partilha. A esta devo mais100 reses de crias.
Tenho arrendado de D. Ludovina Netto S. Mello, 49 reses de crias, ao preço de R 6,500 por cabeça, pago o arrendamento até 30 de agosto do corrente ano. Devo a esta senhora por uma promissória, sete contos e setecentos mil réis, que se vencerá no dia 8 de setembro de 1919, a qual letra é para reformá-la a razão de 10 contos de réis anuais, garantida com campo do Rincão do Inferno.
Possuo mais esta fazenda de Santo Izidro, com meia légua de sesmaria que, com benfeitorias, a estimo em R 150:000. Tenho no Rincão do Inferno 13 quadras de sesmaria de campo, campo este que foi de meu inesquecível filho Heraclides. Há, portanto, com que pagar o meu passivo.
A fazenda Santo Izidro, deve ficar para um dos filhos, o que possa comprar as partes uns dos outros.
Disponho de meus bens do seguinte modo: Pago o passivo do ativo..... em campos. Do Rincão do Inferno, dou à minha mulher Julia Nunes Gudolle 5 a 6 quadras de campos e o estabelecimento do "Rincão do Inferno"; mais 500 ovelhas que para o ano próximo terá mais desse número e também todos os móveis constante da casa de Santo Izidro, excetuando-se um piano, que dou à Esmerilda, e os retratos que pertencem aos meus filhos.
Peço aos meus amados filhos, que não ponham a menor dúvida do que fica exposto. Nos móveis que há em Santo Izidro, alguns pertencem a Malvina. Observo que Malvina é minha filha natural, e como tem sido muito boa e tem servido de mãe para meus filhos em geral, podem considerá-la como herdeira. Peço então dar-lhe uma fração de campo no Rincão do Inferno com 5 quadras de sesmaria.
No Rincão do Inferno tenho 13 quadras de sesmaria como já disse, e 3 quadras e um quarto para mil...........campo, que foi do finado Guido, campo este que vem de seus avós maternos.
Ainda, os móveis: tem alguns que pertence a Milida e Malvina como já disse. Ainda para Julica, lego dos móveis, o que foi comprado para ela, no ato de nosso casamento. Mobília de quarto, cômoda e da sala, o que é cadeiras e sofá. Também lego..................................................." (Memórias Manuscritas de André Gudolle)
INFELIZMENTE O DIÁRIO DE ANDRÉ MARTINS GUDOLLE FINALIZA ASSIM, TENDO O MESMO FALECIDO EM ITAQUI/RS, NO ANO DE 1929, local onde foi sepultado.
Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle C. Göttens
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