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a fim de preservação da memória de nossos ancestrais
MARILIA GUDOLLE C. GÖTTENS

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Voz da Estância - Deuclydes Gudolle

A saudade faz tudo recordar, noite, luar...
O gado a ruminar deitado na porteira do curral,
Um touro berra ao longe em desafio
Um bagual junto a relinchar bravio,
Porque o relincho sentiu de outro bagual...

Tudo isso o gaúcho está a escutar,
A voz da estância, a noite, o luar...
Sente o quero-quero que desperta,
O gaúcho sabe, quero-quero não mente
Ele tem o pouso certo alí na frente
E é da estância, o sentinela alerta...

E houve-se o rumor de alguém passando
É um peão que do bochincho vem voltando
E quer chegar cedo ao galpão...
Na manhã estão todos na estância de rodeio,
E não quer que digam que na tala veio
E que não pode tomar um chimarrão...

Tudo isso o gaúcho escutou,
Também tarde chegou, tarde dormiu,
Aos poucos, a voz da estância emudeceu
E o luar, qual um lençol encantador,
Sobre todo o campo se estendeu...

Madrugada, o galo no terreiro canta,
A aurora no horizonte se levanta
Acordando o dia de seu sono de luz..
E a luz, na sua eterna claridade,
Ilumina o mundo, a imensidade
Dando sombra e vida que conduz...

E o gaúcho acorda alegre e satisfeito,
Vai ao galpão, e o mate já está feito
E ainda bufa no palanque um redomão...

Esta vida de estância, jamais cansa
E sempre revive uma lembrança
Na saudade de um velho coração.

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