REGISTROS, GENEALOGIAS, HISTÓRIAS E POESIAS...
a fim de preservação da memória de nossos ancestrais
MARILIA GUDOLLE C. GÖTTENS

sábado, 29 de outubro de 2011

Ainda, a trajetória de André Gudolle

Em 25 /9/1894, André retira-se com sua família da cidade de Itaqui, mesmo sem ter terminado a execranda revolução restauradora, a qual, só em 23/8/1895 é que concluiu por meio de "pazes".
Reabre sua casa comercial, a fim de reaver o perdido e lutar pela vida.
Deu sociedade na terça parte dos lucros, por dois anos, e metade dos lucros, por mais dois anos últimos, a seu empregado e amigo, Dyonísio Pereira da Silva, em remuneração dos muitos serviços que prestou-lhe durante o período revolucionário. " Peço-vos que todos vós, meus filhos, sejais amigos de meu sócio, muito honesto e honrado, e viu todos vós se criarem". ( Memórias manuscritas de André Gudolle".
Em virtude do falecimento de Maria Benvinda, em 18/12/1894, foi procedido ao inventário dos bens existentes, tocando a Djalma e Deuclydes, a casa na cidade de Itaqui, que foi herança dos pais de André, e parte em dinheiro que ficou sob a administração do mesmo.
A herança de Djalmira, Diulmira e Delminda, foi a metade do campo denominado "Rincão do Inferno", localizado no 2º distrito de Itaqui, nas pontas e costas do arroio Ibipuitã em sua margem esquerda, e também parte à direita, bem como parte em dinheiro e as jóias de Benvinda, tudo ficando também na administração de André.
Em 1897, André resolve casar com Maria Luiza Sampaio, filha de seu velho amigo José Ferreira Sampaio e Esmerilda Monteiro Sampaio. "Por achá-la muito digna, honrada e virtuosa, resolvi tomá-la por esposa, cujo enlace presenciastes (dirigindo-se aos filhos) no dia 23/7/1897, nesta casa, de que tudo consta em livro próprio, no cartório deste 2º distrito de Ytaqui." ( Memórias manuscritas de André Gudolle").
Após o casamento de André e Maria Luiza, Djalma foi estudar em Porto Alegre, no dia 13/4/1898.
Os avós maternos de Djalma, Deuclydes, Djalmira, Diulmira e Delminda, quais sejam: Galdino Francisco Pereira e Camila Nunes Vieira, faleceram; o 1º, em 27/8/1894, e a segunda, em 21/03/1897, ambos com idade já avançada.
André adquire meia légua de sesmaria de campos e matos, localizado no 2º distrito de Itaqui, lugar denominado "Santo Izidro", campo esse próprio para invernar bois. ("pretendo não vender este campo. Se assim suceder, desejo deixá-lo ao Djalma e ao Deuclydes, com a condição de não vendê~lo a não ser de um para o outro. É um campo especial, que dá para invernar 800 a 900 bois, e não ser necessário reinverná-los. É, portanto, muito próprio para engorda, negócio de muito resultado em nossa terra, ou por outra, é ainda um dos primeiros negócios em nosso Estado, invernar touros e vendê-los bois gordos, principalmente, se vender na invernada. Saladeiros, como dizem os castelhanos, é negócio muito arriscado. Aconselho-vos que prefiram fazer negócio na própria invernada." (Memórias manuscritas de André Gudolle).
"Todo o tempo que tens estado no colégio meu querido Djalma, estou aqui a comerciar nesta casa que dei o nome de "Revolução", para comemorar a revolução pacífica de 1889.
Os meus lucros não são grandes. Dá para viver com alguma abundância e para educá-lo e mais vosso irmão Deuclydes."
No ato de casar-me em 2ª núpcias, fiz uma disposição testamentária, isto antes de efetuar o matrimônio, no qual lego da minha terça, uma certa quantia a tua irmã Malvina, (filha natural de André, antes do casamento com Maria Benvinda), se ela tiver comportamento honesto. Também ao Raul, (filho natural de André, antes do casamento com Maria Benvinda), e a vocês todos com partes iguais, ao depois de retirar a quantia para tua" irmã." (Memórias manuscritas de André Gudolle).
No dia 14/7/1889, nasce Heraclides Sampaio Gudolle, filho de André e Maria Luiza Sampaio Gudolle. "Peço-vos a todos vocês, meus filhos, que o reconheçam como irmão e o tratem com amor fraternal, no que me darão muito prazer, enquanto eu viver. Vossa madrasta é atualmente minha esposa, a quem amo profundamente. A mesma esteve em perigo de vida ao nascer o vosso irmão. Felizmene Deus nos favoreceu em sua graça, depois de estarmos quase desanimados de salvá-la." (Memórias manuscritas de André Gudolle).
André, nessa época, se queixa muito a seus filhos, de Malvina (filha natural que morava junto com sua família). " Malvina não prima em respeito comigo. É de um gênio irracional, indomável, a ponto de exasperar-me. Se ela não proceder com respeito dora em diante, é muito provável que a disposição testamentária que em parte a ela aproveitava, eu a inutilize. Felizmente, até esta data (3/9/1899), ela tem se portado honestamente. Creio que nesse ponto, ela assim continuará, e se prevaricar (que Deus a livre), pior para ela." (Memórias manuscritas de André Gudolle).
Djalmira no ano de 1900, encontrava-se em companhia de seu tio Maximiliano Nunes Pereira, frequentando a escola. Dali segue para sua tia Julia Pereira Vieira, no Salso, em São Gabriel,
RS.
No dia 3/4/1901, às 3 horas da madrugada, nasce Esmerilda Sampaio Gudolle, 2ª filha de André e Maria Luiza Sampaio Gudolle. "Um susto levamos, pois foi um parto bem laborioso, de minha adorada esposa, a ponto de mandar vir médico operador; felizmente não foi necessário vir o médico, pois não chegou a sair de Itaqui. O nosso médico espiritual (note-se que André tinha crença espírita, tal qual seu filho Deuclydes) Perseverando Constâncio da Silva, fez o seguinte prognóstico que a mim disse: sua esposa D. Maria Luiza, não corre perigo na ocasião do parto; não precisa médico e terá o filho em princípios de abril e será do sexo feminino. O resultado, graças a Deus todo poderoso, foi matematicamente exato." " Eu já creio que por invocação do espírito, se faça excelentes curativos. Meu filho Heraclides, foi curado com muitas receitas espíritas; o mesmo Diulmira e Maria Benvinda, em certas ocasiões". (Memórias manuscritas de André Gudolle).
No dia 3/4/1905, falece Maria Luiza Sampaio Gudolle, 2ª esposa de André. " Eis que a fatalidade novamente surge em meu lar, arrebatando em suas negras garras, a vida preciosa de minha 2ª esposa, que também idolatrava. Ficaram vocês filhos queridos novamente órfãos da 2ª mãe. É ou não fatalidade, mais este sucessivo lutuoso? Isto são golpes que esmagam um coração que só palpitava de amor por esse ser tão delicado que era o encanto de minha velhice, e que se sacrificou amar-me, numa idade em que a juventude parece que não se poderá unir com tanto amor a um ser já um tanto adiantado em anos. Eu, meus filhos queridos enviuvei aos 53 anos; tomo isto como expiação de faltas que as cometi, do que não as tenho consciência. Deus, em seus decretos. que se amenize de nós. Só desejo educá-los, criar os menores e vê-los todos colocados; assim completo minha missão na terra. Deus saberá o que deve fazer a respeito de meus sofrimentos.." " Recomendo a todos os meus filhos: honradez, probidade, caridade. Suas irmãs deverão ser do vosso maior cuidado, zelando a sua honra, e tudo o mais que for em benefício delas." (Memórias Manuscritas de André Gudolle"

Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle C. Göttens

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