O "Tal Manoel Veríssimo da Fonseca foi comerciante na casa ainda hoje existente localizada na esquina da Rua Pinheiro Machado com a Cel.Pilar, onde há alguns anos atrás funcionava a Loja dos Cadore. Minha avó contava que um dia, Manoel arrumou cinco contos em dinheiro e rumou à Porto Alegre para fazer compras e surtir seu estabelecimento. Para a época, a quantia representava uma fortuna, que somente os detinham, eram os fortes comerciantes e abastados fazendeiros. Foi que Manoel lá pelas tantas, resolveu banhar-se no Rio Guaíba, o que fazia tranquilamente. Enquanto nadava nas águas do rio, um homem desesperado, financeiramente arruinado, aproximou-se furtivamente do local onde Manoel deixara suas roupas, e conseguiu surrupiar os tais cinco contos de reis. Terminado o banho, o patriarca verificou que no bolso faltava o dinheiro. Muito triste retornou à Cruz Alta, sem as mercadorias pretendidas. Precisou trabalhar com redobrada energia para, após algum tempo, recuperar-se do prejuízo daquela viagem. O tempo passou e seu negócio assim mesmo muito prosperou. O prejuízo fora coberto pelos lucros dos anos seguintes. Uns seis, sete anos mais tarde, Manoel Veríssimo retornou à Porto Alegre a fim de realizar outros negócios. Num determinado ponto da cidade, foi abordado por um homem de boa apresentação, mas desconhecido, que lhe perguntou o nome. Ao responder que era Manoel Esteves Veríssimo da Fonseca, o interlocutor disse: hà, de Cruz Alta, não é? E mais alguma conversa, convidou-o para almoçarem. Quando foi meio dia, Manoel Veríssimo é recebido na casa de um riquíssimo comerciante, o qual ofereceu-lhe um grande almoço, com as mais finas iguarias e tratando-o com excepcionais atenções, chegando ao ponto de constranger Manoel. Após a sobremesa, o anfitrião disse ao criado que levasse os cafezinhos no escritório, pois tinha importante assunto a falar com o cidadão Manoel. Sentados frente à frente, atõnito e curioso, ouviu seu interlocutor perguntar-lhe por certa viagem, há muitos anos em Porto Alegre, e um banho no rio Guaíba. Manoel então relembrou a frustração daquela viagem e mais espantado ficou quando o hospedeiro lhe disse: - O ladrão fui eu! Agora, quero dizer-lhe que estava arruinado e em vias de suicidar. Aqueles cinco contos de réis, salvaram a minha vida e com aquele dinheiro enriqueci. Agora, quero pagar-lhe cinco, dez vezes mais que aquela importância. E Manoel, ainda meio aturdido deixou apenas definir o seu caráter: - "Não, me devolva apenas os cinco contos, porque esse dinheiro salvou a vida de um desesperado". E apenas recebeu a quantia que perdera, formando-se sólida amizade entre ambos. O nome do dito cujo ficou em segredo. Manoel jamais contou o nome dessa pessoa.
Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle C. Göttens
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