Adeus, eu vou partir, meu pago amado
E talvez para nunca mais voltar
Levarei o meu peito abarrotado
De tantas saudades para recordar
Cumprirei nesta vida o triste fado
Mas o pago, jamais hei de olvidar...
Na minha infância, aqui vivi contente
Numa ânsia constante de crescer
E nessa vida feliz vivia crente
Sem pensar que haveria de sofrer
Na mocidade sentia a chama ardente
No meu peito de moço se acender...
Então me embalava em doce encanto
Minha voz ecoava pelo rincão
A lira deferia alegre canto
Em ânsias palpitava o coração
Se às vezes vertia amargo pranto
Novos dias vinham dar consolação...
Nesse alegre viver da mocidade
Eu sonhei tantos sonhos de verdade
Que jamais pensei em despertar
E hoje velho, num viver sem crença
Transito pela vida sem que vença
Esta ânsia constante de cantar...
DELLE - Bela União, 1953
Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle C.Göttens
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