REGISTROS, GENEALOGIAS, HISTÓRIAS E POESIAS...
a fim de preservação da memória de nossos ancestrais
MARILIA GUDOLLE C. GÖTTENS

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Cuentos da Tia Avó Dija (Djalmira Gudolle)

O cerco da Fortaleza, sede da fazenda "Bela União"

Pois dizia a tia avó Dija que durante o cerco, que começou depois do café da manhã, não havia comida pronta e a mesma proibiu que quem quer que fosse comessem para que todos ficassem atentos a seus postos e armas. Mas uma ex- escrava ( o fato aconteceu em 1908, 20 anos após a Abolição, e minha tia avó Dija tinha dezenove anos) , encontrou um pedaço de pão dormido que sobrara da primeira refeição. Todos estavam com fome, pois o cerco durava além do meio dia. Então, a ex- escrava da família, começou a comer o que encontrara. Mas um cupincha me avisou.
Fiquei furiosa com a ex-escrava que não recordo o nome, não tanto porque estivesse comendo, mas porque eu tinha de manter minha autoridade, e minha ordem era de que ninguém pudesse comer antes de terminado o cerco dos bandoleiros. Então, agarrei o pescoço da negra, apertei sua garganta e fiz com que devolvesse o pedaço de pão, dizendo mais com firmeza do que com raiva para que todos ouvissem: "Se alguém tem de comer aqui, sou eu!" por sorte, quando eu acabei de falar isto, ouvimos tiros que espantaram os bandidos. Papai estava voltando com todos os nossos, e o cerco acabou. Mandei a negra para a cozinha, preparar o almoço. Graças a Deus, pois estáva-mos mortos de fome". E assim, nessas palavras a tia avó Dija contava, sem nenhuma agressividade, lembrando do passado com prazer, sabendo interessar a todos com seus cuentos cheios de verdades e invenções".

" A sede da fazenda Fortaleza, quando desta história contada pela tia avó Dija, foi cercada por bandoleiros e a feminina, perfumada, elegante e bem penteada Dija, assumiu o cerco e venceu. Os homens tinham todos saído para ir atrás dos bandoleiros. Era o que eles queriam. Caíram no embuste, mas a Vó estava lá. Tia Deolmira me disse em certa ocasião que não era pelas lutas contra os castelhanos, mas contra os bandoleiros que infestavam a região do Itaqui, pelo menos até 1908, quando o fato ocorreu"

Arquivo Pessoal de FCG e Marilia Gudolle C. Göttens

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