Ouve mãe, quanta saudade,
Eu sinto da minha infância
Vivida na nossa Estância
Dos campos lá do Itaqui...
Óh! Lembranças de guri!
Óh! minha doce lembrança!
Como era bom ser criança
E viver perto de ti...
Na nossa casa da estância
Havia uma varanda
E era pr' aquela banda
Que a gente parava mais...
Ali se liam jornais
Sobre uma mesa comprida,
Usada em toda a lida
E riscada de sinais...
Junto à mesa da varanda
Crescia linda roseira
Subindo na trepadeira
Com grandes e brancas rosas,
Que perfumavam cheirosas
As noites de vagalumes,
Aflorando entre os negrumes
De luzinhas misteriosas...
Eras da estância a Patroa
E a dona daquele ambiente...
Sempre cercada de gente,
Tinhas as chaves na mão
E também a direção
Da limpeza, da costura,
E de toda uma fartura
Que vinha lá do galpão...
No galpão, o pai mandava...
Professor inteligente
Levava a estância pra frente
A seu jeito e com maneiras...
Depois das lides campeiras
Num garanhão aragano,
Ele arrancava do piano
Umas toadas brejeiras...
Entre a casa e o galpão,
Nas sombras dos arvoredos,
Guardei todos os brinquedos,
Os sonhos e as fantasias...
Guardei puras alegrias,
Guardei a felicidade,
Só não guardei a saudade
Que trago daqueles dias...
Arquivo Pessoal de Marilia Gudolle G"ottens
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