Quando fui estudar em Santa Maria, RS para prestar vestibular em 1978 e 1979, conheci Déborah Krebs Conceição na casa de meus tios Déa e Benoni, onde eu morava. Ela era amiga de uma de minhas primas e fomos fazendo uma longa amizade. Logo depois, Déborah que era professora da UFSM, do Departamento de Química, foi convidada para lecionar a disciplina de Química Orgânica e Inorgânica no cursinho que eu frequentava.
Não poderia estar mais feliz, em ter a nossa amiga como professora. Ela era uma pessoa singular, expressiva e de uma personalidade marcante. Onde estava, não havia tristeza, pois sua alegria era contagiante.
Lembro a primeira vez em que fui à sua casa, lá conhecendo seus pais S. Fábio Silva Conceição e D. Tereza Krebs, que estavam de visita na cidade, pois moravam na estância em São Vicente.
Conversa vai, conversa vem, seu Fábio perguntando sobre minha família, após eu responder, assim me disse: Sabe menina, somos parentes e bem próximos; pelo lado dos Gudolle e dos Silva!!!!! Achei aquilo fascinante e contei a minha tia e depois à minha mãe, e elas confirmaram o parentesco sim.
Os filhos de S. Fábio e D.Tereza residiam em Santa Maria, naquela casa enorme da R. Prof. Teixeira. Se não me engano, Celso, o mais novo, morava com os pais.
Lembro da Marilia, minha tocaia, da Marta, do Carlos, do Décio e não recordo de ter visto o Álvaro, acho que não o conheci, e é claro, a Déborah.., minha doce lembrança.
Muitas vezes depois, encontrei S. Fábio na sua casa em Santa Maria. Ele vinha sempre sorridente e conversador e a mim se referia:" Olá, minha parentinha, como vais?" "e teu pessoal, todos bem?".
Déborah foi para mim, aquela pessoa que eu sentia segurança e que se preocupava comigo principalmente, em relação aos meus estudos.
Várias vezes me levava para a sua casa, e preparava um belo jantar juntamente com sobremesas maravilhosas que ela gostava de fazer. Ficávamos retomando nossa Química por 1 hora, e depois, já bem tarde da noite íamos conversar sobre outros assuntos, como "nossos amores, até "pirar", como ela dizia.
Déborah foi uma das pessoas mais queridas que passou pela minha vida, cujas lembranças jamais se apagarão.
Nossas saídas do cursinho à noite, passando sempre por uma confeitaria que ficava aberta até bem tarde, localizada algumas casas antes da Catedral. Como eu gostava daqueles doces!!!! Lá, ela comprava-os e vínhamos comendo pelo caminho até onde eu morava. Para chegar até sua casa, era preciso passar pela minha. Então, ela entrava e ficava mais um longo tempo conversando com minha prima e comigo.
Outras vezes Déborah me levava até a UFSM onde mantinha sua sala no Departamento de Química. Lá, enquanto trabalhava, me passava a matéria que iria ver no cursinho à noite.
Era Déborah, uma pessoa muito simples, tinha um jeito único de ser, gostava de bem vestir e vivia sempre de bem com a vida.
Era uma pessoa fantástica que eu tive o privilégio de com ela conviver.
Quando retornei à minha cidade, não perdemos contato. Correspondia-mos contando de
nossas vidas. Devo ainda ter suas cartas, que de tão bem guardadas, não consigo encontrá-las.
Com o tempo, nossas correspondências foram diminuindo, mas no seu aniversário, eu sempre enviava-lhe um cartão.
Alguns anos depois, por duas vezes, nos encontramos casualmente na praia de Capão da Canoa. Lá muito conversamos, relembrando nossos tempos vividos, com a promessa de nos reencontrar mais vezes.
Mas como o tempo é nosso eterno companheiro, me afastou de Déborah.
Mas o mais incrível de tudo, aconteceu em março ou abril de 2010, época em que eu estava montando o quebra-cabeças da genealogia por parte de minha avó e meu avô maternos, quando encontrei os ascendentes de Déborah e S. Fábio, cuja ligação vem a ser bem próxima.
Nessa época, invadiu-me uma saudade e vontade de rever a doce amiga. Quando soube que a mesma não mais morava em Santa Maria, mas em Cacequi, e estando casada, não lembro como, mas consegui o telefone de Marilia, sua irmã, e de seu Fabio, com quem falei por uns momentos.
Finalmente, liguei para minha amiga e ela atendeu-me dizendo: "È a minha amiga doutora"?
"Como te passas"? "Que baita saudade"!!! Eu somente a ouvia, emocionada. E no final assim falou: " Me escreva contando da vida, pois não tenho e não gosto desse tal apetrecho de internet"!!!
No mesmo dia a escrevi, mas não veio resposta. Assim mesmo eu estava feliz com nossa longa conversa.
Quando foi numa manhã fria de junho do mesmo ano, mais ou menos 2, 3 meses que tínhamos conversado, recebi o mais triste e mail até hoje por mim recebido, de minha prima de Santa Maria avisando-me do falecimento inesperado de nossa querida amiga Déborah, num baile em Cacequi.
O choque que tive foi muito grande, ficando eu por muito tempo, sem conseguir assimilar o seu retorno à pátria espiritual.
Hoje, já passados quase dois anos de seu desencarne, penso que Déborah deva estar em contínuos ensinamentos de química, em alguma colônia espiritual, falando da "piração dos elétrons e dos prótons" e da sua química orgânica. Somente assim faz sentido para mim, aceitar essa distância tão distante fisicamente.
Um dia, não sabemos quando, tenho a plena certeza de que iremos nos reencontrar, pois como diz uma sábia companheira da casa espírita:" Os que se amam, se reencontram na eternidade".
À Você, Déborah, muita paz e luz...
Marilia.
Prof. de quimica e fisica, Debora
ResponderExcluirÉ verdade!!! A melhor professora de Química que já vi neste mundão... e uma eterna amiga...muita luz à ela!!!
ExcluirEmocionado....Também tive o prazer de conviver com Essa Maravilhosa Alma, que nos deu maravilhosas aulas de Química Orgânica! Sim, todos nós, nos reencontraremos felizes, como elétrons e prótons eternamente pulsantes... Muito obrigado Professora Débora!
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