Em novembro de 1773, com o objetivo de destruir o forte de Rio Pardo, o que facilitaria a conquista de todo o Continente de São Pedro pelos espanhóis, à frente de um contingente armado de quatro mil homens, partiu de Montevidéo o governador de Buenos Aires, D.Juan José de Vertiz Y Salcedo. Estes planos foram frustrados pelo notável Rafael Pinto Bandeira e seus companheiros.
O baluarte de Rio Pardo, com poucos defensores e pequena artilharia, não tinha condições de oferecer resistência ao assédio dos invasores. - D.Vertiz Y Salcedo, de passagem pela região de Bagé, mandou erigir um forte num local elevado, e deu-lhe o nome de Santa Tecla, deixando ali uma guarnição espanhola.
As hostilidades tiveram início com o ataque surpresa de Rafael Pinto Bandeira sobre as tropas de D. Antonio Gomes acampadas no arroio Santa Bárbara, destroçando-as completamente e aprisionando o comandante. Esta importante ação ocorreu a 02 de janeiro de 1774. Poucos dias depois, Pinto Bandeira atrai a perseguição do exército de D. Vertiz Y Salcedo, conduzindo-o para uma armadilha na região de banhados de Pantano Grande e obtém aí a importante vitória de Tabatingaí.
O marechal espanhol chega frustrado a Rio Pardo, a 17 de janeiro de 1774. O governador José Marcelino de Figueiredo, usando de astúcia, faz troar a artilharia mudando as peças do lugar para dar a impressão de ter mais canhões do que realmente tinha. Com isso, ilude os espanhóis já desanimados por duas derrotas consecutivas que desistem de atacar Rio Pardo e iniciam a retirada sempre molestados por Pinto Bandeira. Este na passagem do Rio Camaquã, acossa-os duramente.
Os portugueses com os sucessos alcançados garantiram a posse do Rio Grande do Sul.
No ano seguinte, Pinto Bandeira toma o forte de São Martinho do Monte Grande, abrindo as portas à conquista do território das Missões.
Em 26 de março de 1776, Pinto Bandeira consegue a rendição do forte de Santa Tecla, arrasando-o totalmente.
A corte de Portugal parece despertar e sentir a necessidade de garantir a fronteira meridional de sua maior colônia. Organiza um grande exército e entrega o comando ao tenente-general José Henrique Bohm, com a finalidade de retomar a vila de Rio Grande. Daí os espanhóis são expulsos em abril de 1776.
Quando a situação se revertia favorecendo os portugueses, é assinado o tratado de Santo Ildefonso, em 01 de outubro de 1777, lesivo a Portugal que ficava sem a Colônia do Sacramento e as Missões, tendo em compensação o reconhecimento da posse de Rio Grande.
Os portugueses e sobretudo os gaúchos, não se conformaram com este acerto das metrópoles e opuseram inúmeras dificuldades à demarcação das fronteiras.
Pelo tratado de Santo Ildefonso, a linha divisória no extremo sul seria a vertente mais ao norte, que desembocasse na Lagoa Mirim, e a convenção de Lisboa fixou-a como sendo o Piratini.
Assume interinamente o governo da Capitania de São Pedro, a 31 de maio de 1784, o brigadeiro Rafael Pinto Bandeira. Considerando que o Piratini não é afluente da Lagoa Mirim, e sim do São Gonçalo, dá uma melhor interpretação ao pacto firmado entre as metrópoles. Buscando a primeira vertente volumosa que deságua na Lagoa Mirim, muda o acampamento militar do passo Maria Gomes, no rio Piratini, para a serra do Herval, nas nascentes do Arroio Grande. Apesar dos protestos dos espanhóis, esta guarnição do Regimento dos dragões permaneceu ali por dezessete anos (1784-1801).
Este acampamento militar deu origem à cidade de Herval do Sul. As primeiras casas tinham parede de torrão de pau-a-pique, cobertas de santa-fé e
começaram a ser construídas em 1786.
Os habitantes que ali se fixaram eram quase todos antigos guerrilheiros do Corpo de Dragões, companheiros de luta de Rafael Pinto Bandeira. Entre eles estava o genearca BONIFÁCIO JOSÉ NUNES, natural de Rio pardo, com o posto de cabo de esquadra e que ao chegar ao acampamento tinha 16 anos. Quando o destacamento se retirou, em 1801 para atacar a Guarda de Santo Antônio da Lagoa, guarnição espanhola na embocadura do rio Jaguarão por ordem do governador da província do Rio Grande, Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, BONIFÁCIO JOSÉ NUNES permaneceu na povoação e estava nessa ocasião com trinta e três anos de idade. O seu chefe Rafael Pinto Bandeira, já havia falecido na cidade de Rio Grande em 9 de janeiro de 1795.
Os seus antigos companheiros de armas, com o estímulo e a anuência de Pinto Bandeira, que extrapolou as suas atribuições para isso, haviam se estabelecido nos campos neutrais, entre o Arroio Grande e o rio Jaguarão. Pinto Bandeira previa que este rio seria um dia a linha divisória entre Portugal e Espanha.
Entre os que foram contemplados com glebas nestas áreas litigiosas estava nosso genearca BONIFÁCIO JOSE NUNES, a quem estava reservado o principal papel de FUNDADOR DA POVOAÇÃO, bem como José da Silva Tavares, Jose Teixeira Pinto, Boaventura Pereira da Silva, Antonio Madruga de Bittencourt e Antônio dos Santos Abreu. A propriedade de BONIFÁCIO JOSE NUNES estava localizada no Arroio dos Nunes.
Cerca de cinquenta chefes de família tornaram-se habitantes urbanos na nascente da povoação. Por iniciativa de BONIFACIO, os moradores se organizaram em sociedade, para adquirir o terreno onde estava edificada a povoação, uma vez que com a retirada do destacamento militar, o núcleo do vilarejo em formação sofreu ameaça de aniquilamento. O proprietário do terreno ocupado pelos moradores Antonio Rodrigues Barcelos, requereu o despejo dos habitantes como intrusos, o que levou BONIFÁCIO e seus amigos a organizarem a tal sociedade. Posteriormente, cotizaram-se e compraram a área que foi doada à Irmandade Nossa Senhora da Conceição. Também reconstruíram a antiga capela do acampamento, consagrando-a São João Batista. Conseguiram provisão episcopal e nestas condições ficou constituída, em dezembro de 1805, a Freguesia de São João Batista do Herval.
Nunes Vieira, José Cypriano, Edifunba - 1988.
Obrigado! Chamam erroneamente o nome da rua em sua homenagem como "José" Bonifácio Nunes em vez de grafar corretamente BONIFÁCIO JOSE NUNES.
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